Campinas (SP) passa a enfrentar seca vendendo água de reúso
A Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento) de Campinas, em São Paulo, fechou, nesta semana, o primeiro contrato comercial para venda de água de reúso na cidade.
A BRES Viracopos Empreendimentos Imobiliários encomendou 100 mil litros de água por dia durante o período de um ano. O produto, que tem valor três vezes menor do que a água convencional, começa a ser entregue em setembro e será utilizado no trabalho de compactação do solo e terraplenagem de obras.
A água, produzida na Epar (Estação de Produção de Água de Reúso) Capivari 2, será transportada por caminhões-pipa. A empresa é a primeira no país a ter uma Estação de Produção de Água de Reúso e, desde abril, comercializa o produto. O valor do metro cúbico (mil litros) da água de reúso é R$ 1,40, enquanto água potável para indústria e comércio está em R$ 4,14.
Desde abril, a autarquia oferece o serviço à Prefeitura de Campinas, que recebe da Sanasa 300 mil litros de água por dia para regar os jardins e lavar as feiras livres e vias da cidade. "Com mais este contrato, passaremos a distribuir 400 mil litros de água de reúso diários”, informa o diretor comercial da Sanasa, Luiz Carlos de Souza.
Ainda segundo Souza, outras empresas e instituições, como a Odebrecht e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), já teriam mostrado interesse em adquirir o produto. "A Odebrecht pretende utilizar a água produzida na Epar para compactar o solo nas obras executadas na marginal da rodovia Dom Pedro (SP-065) e a Unicamp deve regar os jardins da universidade."
Outra instituição que deve usar essa água é o Corpo de Bombeiros. A água de reúso vai abastecer quatro reservatórios instalados em sua base, provavelmente a partir do próximo ano. No total, a instituição gasta 2 milhões de litros por mês, ou perto de 67 mil litros por dia, de água tratada para apagar incêndios.
Qualidade
A água, obtida através do tratamento de esgoto, tem índice de pureza de 99%, mas não é potável. Por isso é utilizada por empresas em processos produtivos de limpeza ou refrigeração, por exemplo. “É interessante discutir esse assunto, pois, com a produção da água de reúso, a água potável poderá ser prioritariamente destinada ao consumo humano, enquanto que a água para fins industriais será a de reúso”, afirmou o gerente de Operação de Esgoto da Sanasa, Renato Rossetto.
O tema é importante para o planejamento futuro, a sustentabilidade da bacia e a preservação do manancial, já que com isso menos água precisará ser retirada dos rios. “A população tende a aumentar na nossa região. Com isso, a demanda por água cresce. Temos de pensar numa forma de poupar a água, de destiná-la apenas ao essencial, ao consumo pelas pessoas”, explica ele.
Segundo dados da Sanasa, Campinas trata e distribui, por dia, uma média de 290 mil metros cúbicos de água. A utilização de água de reúso pode diminuir esse montante em 400 metros cúbicos por dia.
Segundo a Sanasa, a Epar tem capacidade de oferecer cerca de 160 litros de água por segundo para uso industrial, quantidade que é cinco vezes maior do que o total de água utilizado pelo segmento, que é de 40 litros por segundo. Para incentivar o uso, a cidade anunciou, em março, queda de 30% no valor do metro cúbico da água de reúso, que custava R$ 2.
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