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Diretor de casa de detenção no MA é preso por suspeita de facilitar fugas

Cláudio Henrique Bezerra Barcelos, diretor da Casa de Detenção do Complexo Penitenciário de Pedrinhas (Cadet) - Seic/Divulgação
Cláudio Henrique Bezerra Barcelos, diretor da Casa de Detenção do Complexo Penitenciário de Pedrinhas (Cadet) Imagem: Seic/Divulgação

Do UOL, em Maceió

15/09/2014 12h10Atualizada em 15/09/2014 17h12

O diretor da Casa de Detenção do Complexo Penitenciário de Pedrinhas (Cadet), Cláudio Henrique Bezerra Barcelos, localizada em São Luís (Maranhão), foi detido preventivamente, na manhã desta segunda-feira (15), por policiais civis da Seic (Superintendência Estadual de Investigações Criminais).

Segundo a polícia, a primeira fase de investigações apontou que Barcelos teria facilitado a fuga dos assaltantes de banco identificados como José Wilson Pereira, Paulo Leandro Maciel da Silva e Rodrigo Bezerra Lima Nunes

O superintendente da Seic, delegado Luís Jorge dos Santos Matos, disse que a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Barcelos e no escritório dele, onde foram apreendidos aparelhos eletrônicos, notebooks, documentos e um cartão de crédito no nome de um ex-preso da Cadet.

Investigado há mais de um ano, Barcelos é suspeito de facilitar a fuga de presos. Além disso, segundo a assessoria da Sejap (Secretaria de Estado de Justiça e Administração Penitenciária), também está sendo apurada a hipótese de que, mediante pagamento, detentos eram autorizados a deixar a unidade irregularmente e retornar após cometerem crimes. A polícia informou que investigou o caso após denúncias sobre o esquema.

A prisão de Barcelos ocorreu em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz Antonio Luis de Almeida Silva, da Central de Inquéritos de São Luís.

Barcelos vai ser indiciado por acusação de corrupção passiva e prevaricação (crime praticado por funcionário público contra a administração pública). O UOL tentou localizar o advogado dele, mas não conseguiu até a publicação desta reportagem.

A Sejap informou que Barcelos foi afastado do cargo e foi aberto um procedimento administrativo na Corregedoria da Sejap. Domingos Noleto assumiu, interinamente, a diretoria da Cadet.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública) e a Sejap, ainda não se sabe se outros servidores do Estado estariam envolvidos no esquema fraudulento. “O trabalho investigativo da Polícia Civil continua, a fim de apurar o envolvimento de outros servidores e funcionários.” 

Atualmente, a Cadet estava sendo usada para custodiar presos que não participam de facções criminosas. Segundo o Estado, a casa de detenção é uma unidade prisional de Pedrinhas que é “neutra”.

O Complexo Penitenciário de Pedrinhas abriga sete unidades prisionais. Superlotado, é foco de uma crise, com 2.200 presos onde deveriam estar 1.700, no máximo.

Foi classificado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) como "extremamente violento" e "sem condições de manter a integridade física dos presos". Sessenta presos foram assassinados em 2013 no complexo. Neste ano, já são 14 mortes ocorridas em Pedrinhas e 23 assassinatos em todo o sistema penitenciário do Estado.

O último homicídio no interior do presídio foi confirmado no sábado à noite (14). Segundo a Sejap, Eduardo Cesar Viegas Cunha foi morto na Central de Custódia de Presos de Justiça. Um inquérito policial foi instaurado para apurar as circunstâncias da morte.

Há um ano, a Cadet foi palco de uma rebelião onde morreram 13 presos e mais de 20 ficaram feridos. As mortes ocorreram depois que agentes da Cadet descobriram um túnel no pavilhão 2 da unidade que seria usado para fuga de presos, o que iniciou a revolta de parte dos detentos.

Na noite da última quarta-feira (10), 36 detentos fugiram do Centro de Detenção Provisória (CDP) depois que bandidos atiraram um caminhão-caçamba contra o muro do complexo. O choque proposital abriu um grande buraco no muro de concreto, por onde os presos fugiram. Segundo a assessoria da Sejap, apenas três dos fugitivos haviam sido capturados até esta manhã. Além dos presos que conseguiram escapar, quatro ficaram feridos e um foi recapturado.

Em janeiro, integrantes de facções criminosas que atuam no Complexo de Pedrinhas ordenaram ataques a ônibus em retaliação a operação “Pedrinhas em Paz”, realizada pela Tropa de Choque da PM (Polícia Militar). Quatro ônibus foram atacados, sendo três deles incendiados. Cinco pessoas ficaram feridas, sendo uma delas uma criança que morreu com 90% do corpo queimado. O episódio também registrou ataques a delegacias da região metropolitana da capital maranhense.

Atualmente, a segurança interna dos presídios do Maranhão é feita por terceirizados e os agentes penitenciários concursados foram agregados ao Geop, que trabalha na escolta de presos e em inserções extras dentro das unidades prisionais, como motins, rebeliões e fugas, com a PM e a Força Nacional de Segurança.

A PM e a Força Nacional estão atuando dentro do Complexo de Pedrinhas desde dezembro. (Com Agência Brasil)