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Cega e doente renal, cadela volta a andar após hemodiálise em Botucatu (SP)

A cachorra Frida é cega e sofre de uma doença renal sem cura, mas se salvou da eutanásia ao fazer hemodiálise em atendimento da Unesp de Botucatu - Divulgação
A cachorra Frida é cega e sofre de uma doença renal sem cura, mas se salvou da eutanásia ao fazer hemodiálise em atendimento da Unesp de Botucatu Imagem: Divulgação

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

22/09/2014 17h59

Cega e portadora de uma doença renal sem cura, a cachorra dálmata Frida foi salva da eutanásia pela hemodiálise, procedimento que passou a ser oferecido, de forma gratuita ou a baixo custo, à população pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu. A instituição é a primeira no Estado de São Paulo a realizar o procedimento que, em clínicas particulares, chega a custar até R$ 1.300 por sessão.

Frida, que tem 11 anos de idade, chegou à clínica em 19 de agosto, depois de passar três semanas sem se alimentar. Debilitada, não andava.

Seu dono, o técnico de informática Orivaldo Giraldeli, 46, tentou o tratamento convencional. “Ela não apresentou melhora. O sofrimento dela me fez levá-la para o Hospital Veterinário para pedir que fosse sacrificada”, diz. “O tratamento não funcionava e eu estava vendo minha companheira sofrer”, conta.

A professora Tatiana Guimarães Okamoto estava de plantão nessa data e sugeriu que ele tentasse a hemodiálise. "Como não tinha mais resposta no tratamento clínico, ele pediu a eutanásia do animal. Ofereci a ele a hemodiálise, como último recurso. A princípio, ele não quis, achando que o sofrimento da cachorra já era muito grande, mas aceitou fazer duas sessões, sem custo, e ela teve uma melhora incrível”, afirmou.

Depois de seis sessões de hemodiálise, Frida voltou a ter vida normal. “A gente chega, ela vem pra garagem, é brincalhona. [O tratamento] Salvou a vida dela. Ela está bem. Nada paga ver a cachorra sem dor”, conta Giraldeli.

Como tem problemas renais crônicos, a cadela precisará de tratamento, com aplicação de soro, para o resto da vida, mas só precisará passar pela hemodiálise de novo se houver complicações. “É como um ser humano, ela é portadora de uma doença crônica. Vai precisar tratar”, informa Tatiana.

Serviço único

Em menos de dois meses, 30 animais como Frida passaram por sessões de hemodiálise na faculdade. Segundo Tatiana, o serviço oferecido pela Unesp de Botucatu é único. “A iniciativa é inovadora, pois, além de oferecer o serviço de diálise a preços acessíveis na rotina do atendimento hospitalar, serve à formação dos estudantes e abre um campo para novas pesquisas na área. Não tenho conhecimento de outras universidades no Brasil que façam algo semelhante”, conta.

Embora o tratamento tenha sido gratuito no caso de Frida, a médica veterinária informa que não são todos os procedimentos que são realizados sem custo. “Como universidade, não temos lucro, mas cobramos, em alguns casos, o custo do material. A primeira sessão sai por R$ 350; as demais, por R$ 150”, explica. “No caso da Frida, ela foi utilizada no meu projeto de pesquisa, portanto não houve custos."

Ela informa ainda que animais com peso a partir de dez quilos podem passar pela hemodiálise. O próximo passo é viabilizar a técnica para equinos. “É um procedimento que também é realizado nas clínicas, mas que não existe em universidades”, disse.