Falta de vazão faz rio Piracicaba registrar 3ª mortandade de peixes no ano
Piracicaba (164 km de São Paulo) voltou a sofrer, nesta semana com a mortandade de peixes no rio que dá nome à cidade. A estiagem, que baixou a vazão do rio para o menor nível em 30 anos, prejudicou a taxa de oxigênio na água, e é apontada como a principal causa para as mortes.
Só em 2014, o trecho do rio que corta a cidade já registrou anteriormente duas grandes mortandades, que causaram a morte de mais de 21 toneladas de peixes.
Os peixes mortos, das espécies dourado e mandi, são de médio porte e foram encontrados no trecho urbano da cidade. Ao longo da semana, foram observadas, em pelo menos seis oportunidades, faixas de animais mortos na água. Além disso, há ainda peixes que ficaram presos e morreram em pequenas piscinas onde antes o rio corria, mas que acabaram secando.
A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) foi procurada e informou que ainda não fez exames para determinar a causa da morte, mas que a baixa vazão de água pode ser a responsável pelo problemas. Ainda segundo a companhia, novos episódios de mortandade de peixes não estão descartados por conta das condições do rio.
"A vazão do Piracicaba encontra-se muito reduzida e, dessa forma, o rio torna-se muito mais vulnerável, pois apresenta baixa capacidade de diluição dos poluentes, com a consequente diminuição da concentração de oxigênio dissolvido na água", afirmou a instituição, em nota.
Último episódio matou quase uma tonelada de peixes na cidade
A última mortandade de maior proporção ocorreu na segunda semana de agosto quando, segundo a prefeitura da cidade, pelo menos uma tonelada de peixes mortos foi encontrada no rio.
Na ocasião, a Cetesb informou que o trecho urbano do rio tinha 0,3 miligramas de oxigênio por litro de água, quando o mínimo necessário para manter os peixes vivos é de 2mg/l. Abaixo desse valor, os animais não conseguem captar o oxigênio, o que os tornam mais suscetíveis a doenças.
Em fevereiro, uma outra mortandade de peixes, de maior proporção, atingiu o Piracicaba, matando 20 toneladas de peixes. A Cetesb afirmou que a mortandade foi causada pelo baixo nível do manancial e a alta concentração de poluentes.
Diretor de ONG diz que fenômeno é recorrente e preocupante
Segundo Ricardo Leão Schmidt, diretor da ONG (Organzação Não Governamental) Florespi (Associação de Recuperação Florestal da Bacia do Rio Piracicaba e Região), informou que o fenômeno tem sido recorrente. “Com o calor feito nos últimos dias, fica ainda pior. Estamos muito preocupados com essa situação”, disse ele, que tomou conhecimento das mortes registradas na última semana.
Ele informou ainda que a baixa vazão é um dos grandes problemas do Piracicaba atualmente. De acordo com dados do DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) de São Paulo, o trecho urbano do rio que corta Piracicaba registrou novo recorde de baixa vazão na segunda-feira.
A vazão registrada foi de 5,4 mil litros por segundo, valor é 92% abaixo da média para outubro, o pior nível histórico em 30 anos, de acordo com o DAEE.
A profundidade média, geralmente na casa dos 1,60 metro, também caiu para 66 centímetros, deixando à mostra o leito de pedra em trechos onde antes o rio corria.
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