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Funcionário público 'inventa' mecanismo que recolhe água de ar condicionado

Funcionários da Prefeitura de São José dos Campos (SP) pegam água armezenada que vem de ar condicionado - Daniel Leite/UOL
Funcionários da Prefeitura de São José dos Campos (SP) pegam água armezenada que vem de ar condicionado Imagem: Daniel Leite/UOL

Daniel Leite

Do UOL, em São José dos Campos (SP)

10/11/2014 20h37

Muitos galões para armazenar água e muita vontade de evitar desperdício. Foi com esse espírito que um funcionário da secretaria de Meio Ambiente de São José dos Campos, cidade de 629 mil habitantes, a 97 km de São Paulo inventou um engenhoca para armazenar água que sai dos aparelhos de ar condicionado da prefeitura.

A iniciativa já “contaminou” todos os 80 funcionários do setor, em especial os da limpeza. Eles reaproveitam a água para quase todas as tarefas diárias.

Nos últimos meses, com o agravamento da seca e o perigo de as torneiras secarem, o engenheiro agrônomo Fábio Ambrósio, servidor concursado, passou a observar com mais atenção a água que todo dia via vazar dos aparelhos de ar condicionado do prédio onde trabalha.

“Eu comentei com um colega que a gente tinha que fazer alguma coisa”. E fez. Fábio elaborou um sistema nada complexo, mas até então inédito nas mais de 20 secretarias municipais.

Para armazenar a água proveniente dos aparelhos de ar-condicionado, ele acoplou a saída que já existia a galões plásticos de 25 litros cada. Em vez de a água se perder na calçada e no pátio por onde corria, ou ficar empoçada, ela agora é depositada nos recipientes. “A água já é canalizada até o chão. Era só colocar um tambor e canalizar até ele”.

Apesar de a água muitas vezes descer em gotas, o que parecem pequenas quantidades se transformam num grande estoque em questão de horas. Logo nos dois primeiros dias, os dois galões usados como experiência estavam cheios.

Agora, cada um dos oito aparelhos de ar condicionado está acoplado a um tambor. Resultado: economia diária de 200 litros. Era o que se perdia a cada dia de trabalho, quando os aparelhos ficam ligados durante oito horas ou mais. A invenção foi colocada em prática há uma semana, armazenando, até agora, 1.000 litros.

Os tambores guardam o que antes vinha das torneiras. A funcionária da limpeza Sílvia de Fátima e os três colegas que trabalham com ela no setor sabem bem a importância da iniciativa. “Eu achei muito bom por causa desse problema da falta de água. A gente tem que se conscientizar”, conta.

Toda a água canalizada do ar-condicionado é usada na limpeza de banheiros, vidros, pátio e para regar plantas. Sílvia não esconde a satisfação de poder colocar em prática no serviço uma medida que ela já adotava em casa. “Em casa, há muito tempo já, eu aproveito a água da máquina de lavar roupa para limpar o quintal e fazer outras coisas”.

A prefeitura informou que pretende estender o sistema para outros setores da administração municipal, onde funcionam, diariamente, 900 aparelhos de ar-condicionado.