Cobasi guardou PCs no mezanino e deixou animais no subsolo, diz delegada
Os computadores do petshop Cobasi, em Porto Alegre (RS), foram guardados no mezanino para evitar que a água os atingisse, enquanto os animais foram deixados no subsolo. A informação é da delegada Samieh Saleh, em entrevista ao UOL.
O que aconteceu
A delegada fez a constatação durante nova vistoria no petshop, realizada na manhã desta quinta-feira (23). Ela foi acompanhada de agentes do Ibama, do Comando Ambiental da Brigada Militar e do IGP (Instituto Geral de Perícias).
O mezanino não foi atingido pela enchente. "Identificamos que os computadores, CPUs que estavam nos caixas no subsolo foram retirados e colocados no mezanino. Eles tiveram esse cuidado em retirar os eletrônicos, mas os animais ficaram embaixo", disse Samieh.
Os agentes conseguiram retirar da loja 38 corpos, entre peixes, aves e roedores, mas o número pode ser maior. "Estava uma escuridão, fizemos uma busca em uma loja inteira com ajuda de lanternas, cheio de objetos no chão. Bem possivelmente que tenha bem mais", afirmou a delegada.
Uma lista dos animais que estavam na unidade foi solicitada à Cobasi. Os corpos encontrados nesta quinta serão analisados pelo IGP.
A gerente do petshop já foi ouvida pela Polícia Civil, assim como representantes do Shopping Praia de Belas, onde fica a loja. Novos depoimentos devem acontecer nos próximos dias.
Cobasi se posiciona
Por meio de nota divulgada após a publicação da reportagem, a Cobasi reforçou que a loja teve que ser evacuada de forma emergencial. Segundo o comunicado, tudo foi colocado acima de um metro de altura do salão no dia 3. Porém, a água na noite do dia 4 e na madrugada do dia 5 chegou aos 3,5 metros de altura, ultrapassando a barreira de sacos de areia colocada na porta da unidade.
A empresa ainda diz que quatro CPUs foram levadas ao andar superior porque estavam a 20 centímetros do chão. "Porém todos os outros equipamentos relacionados aos checkouts permaneceram em suas posições originais (acima de 1 metro de altura) tais como: monitores, teclados, impressoras de cupom fiscal, teclados pin pad (para cartões de crédito/débito) e leitores de código de barras dos produtos". Os equipamentos não removidos foram danificados, afirma a loja.
A gerência da unidade entendeu que não havia risco de inundação porque a água estava estabilizada às 18h30 do dia 4, segundo relato de um funcionário do shopping, diz o comunicado. "Todo este relato acima será confirmado e provado nos autos".
A Cobasi lamentou a morte dos animais e ressaltou que não havia cães ou gatos no local. "A Cobasi lamenta profundamente o ocorrido. A empresa ressalta ainda que está colaborando com as investigações realizadas pelas autoridades e que irá comprovar todas as informações relatadas acima nos autos".
Vídeo mostra mezanino da Cobasi sem água
Um vídeo divulgado pelo Ibama mostra a primeira vistoria feita pelo órgão na Cobasi de Porto Alegre, no último domingo (19). A Polícia Civil, Brigada Militar, bombeiros e a ONG Princípio Animal também participaram da visita no local onde animais morreram afogados após as enchentes que atingem a cidade.
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Quero receberUm trecho da imagem mostra os agentes entrando no mezanino da unidade. O local não foi atingido pela água.
No vídeo é possível ver os representantes dos órgãos caminhando por um corredor, onde camas para animais, rações e outros produtos estão preservados.
A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar as circunstâncias que levaram à morte dos animais deixados na Cobasi. O petshop confirmou, na sexta-feira (17), que os animais morreram afogados.
Suspeitos podem responder por crime de maus tratos e ser condenados de 3 meses a 1 ano de prisão. Se houvesse cachorros ou gatos, explica a delegada, a pena podia chegar a 5 anos.
O Shopping Praia de Belas disse que comunicou a Cobasi em relação ao risco de "alagamento severo" da loja. O shopping ainda afirma que ofereceu toda assistência necessária para acesso ao local.
Já a Cobasi justificou que o petshop teve que ser deixado de forma emergencial, "seguindo as orientações das autoridades locais". "Foi garantido que os animais estivessem seguros e com o necessário para a sobrevivência até o retorno dos colaboradores que considerávamos ser breve. Mas a tragédia foi sem precedentes e, apesar das tentativas constantes da empresa nos últimos dias, não foi possível o acesso seguro à loja devido o nível da água".
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