Após aumento no metrô de SP, madrugador paga tarifa menor e fora de tabela
Desde 6 de janeiro --dia em que entraram em vigor as novas tarifas do transporte público em São Paulo--, as catracas do Metrô e da CPTM (Companhia de Trens Metropolitanos de São Paulo) têm cobrado um valor fora da tabela -- e que ficou ainda menor após o reajuste--, para os passageiros que ainda tem carga feita antes do aumento e se beneficiam da "tarifa do madrugador".
Essa modalidade é válida no início da operação dos sistemas de transporte: no Metrô, entre 4h40 e 6h15; e na CPTM, das 4h até 5h35.
Segundo foi informado pela SPTrans --empresa que gerencia o transporte público na capital paulista e responsável pelo Bilhete Único--, quem carregou o cartão antes do reajuste continuaria pagando os valores antigos até o fim dos créditos. Nesse caso, a "tarifa do madrugador" deveria ficar em R$ 2,50 por viagem, mas o desconto tem sido de R$ 2,42.
Quando o governo de São Paulo anunciou os novos valores, a única possibilidade de desconto que havia sido mencionada foi a de tarifa zero para estudante, que seria encaminhada para a Assembleia Legislativa de São Paulo --que só poderá analisar o tema após o fim do recesso parlamentar, em 2 de fevereiro.
Em nota ao UOL, a SPTrans reforçou que “tanto no sistema municipal por ônibus como no sistema metroferroviário, os créditos adquiridos antes do reajuste tarifário serão debitados pela tarifa anterior”; esta, no caso, seria a de R$ 2,50, não a de R$ 2,42 que vem sendo cobrada.
A SPTrans diz que “não houve erro na cobrança da tarifa do madrugador no sistema sobre trilhos”. E fala que “o desconto realizado segue as características definidas quando o sistema foi programado [em 2009] e será redefinido”.
Desconhecimento
O UOL procurou, em 6 de janeiro, o Metrô e a CPTM, que não sabiam da cobrança fora da tabela, segundo a sua assessoria de imprensa.
Apesar de ter sido informada que a cobrança de R$ 2,42 acontecia com vários passageiros em diversas estações do sistema, a assessoria do Metrô --que respondia também pela CPTM e pela Secretaria de Transportes Metropolitanos-- insistia para que a reportagem fornecesse o número do cartão do “Bilhete Único” a fim de buscar a informação no sistema.
A reportagem se recusou, alegando que o desconto fora da tabela não ocorria exclusivamente em um cartão.
A reportagem perguntou como se define o desconto da tarifa do madrugador. Sem precisar a resposta, a assessoria falava que ela se dava por meio de uma porcentagem.
O UOL, por conta própria, fez os cálculos. Os R$ 2,50 da “tarifa do madrugador” correspondiam a 83,33% da antiga tarifa cheia, de R$ 3. Com o aumento para R$ 3,50, a mesma porcentagem elevaria o passe da madrugada para R$ 2,916, valor que foi arredondado para os R$ 2,92 em vigor atualmente.
Em 14 de janeiro, porém, o Metrô mudou de posição após o UOL ter enviado à assessoria uma foto que comprovava a cobrança de R$ 2,42. Horas depois, em nota, a companhia disse que, “com o reajuste do valor da tarifa unitária para acesso à rede metroferroviária, de R$ 3 para R$ 3,50, o benefício do desconto para quem utiliza a 'tarifa do madrugador' foi ampliado (de R$ 0,50 para R$ 0,58)”.
Ao contrário do que informa a SPTrans --que a tarifa para créditos antigos deveria ser a mesma praticada até 5 de janeiro--, a assessoria do Metrô fala que “o desconto atual [de R$ 0,58] é estendido para quem ainda tem créditos, no Bilhete Único, nos valores anteriores ao reajuste”, justificando os R$ 2,42.
Sem prejuízo
Para o Metrô, “não se trata de prejuízo ou erro, apenas de desconto que estimula o uso do modal metroferroviário em horários alternativos, distribuindo melhor o fluxo de usuários por outros períodos do dia”.
A ViaQuatro, concessionária que opera a linha 4-amarela --onde a tarifa de R$ 2,42 também foi cobrada, como a reportagem do UOL atestou--, informou que não poderia se pronunciar sobre a questão.
A Secretaria de Transportes Metropolitanos não informou quantas pessoas se beneficiam atualmente da "tarifa do madrugador". Em 2009, quando ela foi implantada, o então governador José Serra (PSDB) disse que o desconto atingiria 250 mil pessoas na ocasião.
*Colaborou Wellington Ramalhoso
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