Polícia manda condomínio apagar grafite pintura em homenagem a traficante
O condomínio, em Porto Alegre, que prestou uma homenagem a um traficante morto, fazendo um grande grafite em sua fachada, tem duas semanas para remover a pintura. Caso isso não ocorra, os responsáveis serão enquadrados por apologia ao crime. Foi o que determinou o Denarc (Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico) à síndica do Condomínio Princesa Isabel, Eurides Teresinha Pires da Costa.
Em depoimento nesta quinta-feira (5), ela afirmou que a pintura na parede lateral do prédio de três andares foi custeada por uma "vaquinha" entre os moradores, que arrecadaram R$ 10 mil. O motivo para a homenagem, segundo a síndica, foram as ações de caridade que Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, um dos grandes traficantes da região metropolitana, realizava aos seus vizinhos.
"Ela foi notificada e corre o risco de sofrer enquadramento por apologia. No condomínio, ela é a representante. E se foi a 'vaquinha' ou não que pagou a pintura, para o nosso objetivo é menos importante", disse o delegado Leonel Carivali. A reportagem tentou contato com Eurides, mas não obteve retorno.
O delegado não considera que o fato de a pintura estar a menos de 1 km do Palácio da Polícia seja uma afronta às forças de segurança. "Não considero como um deboche. Nem todos que passam pelo local conhecem ele [Xandi]. No condomínio, sim, ele é conhecido. E, por coincidência, o local é perto do palácio."
Do local, Xandi, que tinha indiciamentos por homicídios e tráfico, comandava seus negócios. Formalmente era produtor musical, embora sua atuação com o comércio de entorpecentes fosse de conhecimento e acompanhamento da polícia.
Nem todos os moradores do condomínio concordam com a homenagem. Mas como quem está retratado na parede de cerca de 60 metros quadrados é o ex-chefão do tráfico, o silêncio é a melhor alternativa.
No depoimento da síndica, a polícia descobriu que, além do grafiteiro autor da pintura e de um guindaste, seguranças foram contratados para a realização do trabalho.
Xandi, 35 anos, foi morto em um tiroteio com uma quadrilha rival no litoral norte gaúcho no dia 4 de janeiro deste ano. Na ocasião, um comissário de polícia, que até 2014 atuava no gabinete do ex-secretário de Segurança do RS foi preso acusado de fazer a segurança do traficante.
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