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Sem água após queda de ponte, moradores de Aracaju buscam alternativas

Salomão Rodrigues ajudava os moradores da cidade enchendo baldes com água subterrânea - Jadilson Simões/UOL
Salomão Rodrigues ajudava os moradores da cidade enchendo baldes com água subterrânea Imagem: Jadilson Simões/UOL

Paulo Rolemberg

Do UOL, em Aracaju

11/05/2015 14h57

Os moradores de Aracaju e dos municípios de São Cristóvão e Barra dos Coqueiros, em Sergipe, amanheceram nessa segunda-feira (11) em busca de água. Os bairros localizados em partes altas da cidade foram os mais afetados pela queda, no último sábado (9), de uma ponte sobre o rio Cotinguiba, no município de Laranjeiras, que provocou a ruptura de duas adutoras que fornecem água para região metropolitana da capital sergipana, atingindo 70% do abastecimento de água. Ao todo, cerca de um milhão de pessoas foram prejudicadas pelo desabastecimento.

Uma das pessoas atingidas pelo desabastecimento foi Maria de Lourdes Vieira, moradora do conjunto Jardim Centenário, zona norte da capital. Em uma carroça, na companhia de um dos quatro filhos, carregava quatro tambores plásticos de 50 litros, e foi em busca de água na casa de amigos e familiares.

“Não tem uma gota de água em casa. Não posso passar esses dias juntando água em panela e garrafa de refrigerante. Ninguém sabe quando vai voltar, então vou atrás de amigos e da família para ver se consigo um pouco de água”, disse ela.

Nas ruas do conjunto, adultos e crianças carregavam baldes e até garrafas plásticas de refrigerante. “Estamos pegando água em um minadouro. É pouquinha, mas é o que tem”, disse a estudante Valéria Guimarães, 17 anos. Não muito longe, moradores do bairro Cidade Nova, também na zona norte de Aracaju, formavam uma fila com dezenas de recipientes para encher em um pequeno cano.

A solidariedade não faltou por parte do “faz tudo”, como ele mesmo se denomina, Salomão Rodrigues. Para ajudar os moradores, ele enchia os baldes com água subterrânea. “Isso aqui é só para usar no banheiro mesmo. Não tem condições de beber ou tomar banho”, explicou. A moradora Denise Lima disse que é humilhante ter que carregar baldes para ter acesso a água. “É muita humilhação para o povo. Parece que estamos vivendo no sertão”, lamentou.

Em áreas nobres da cidade, condomínios estão contratando serviços de carros-pipas. “A demanda normal são de quatro pedidos por dia. Desde às 6h, o telefone da empresa não para de tocar. Apenas pela manhã já foram cerca de cem chamadas”, disse Rose Silva, proprietária de uma empresa que fornece água potável. Por 10 mil litros de água, o cidadão deve desembolsar R$ 280.

Aulas suspensas 

As escolas das redes estadual e municipal em Aracaju, São Cristóvão e Nossa Senhora do Socorro terão as aulas paralisadas a partir de terça-feira (12). Algumas unidades escolares da rede municipal da capital sergipana já dispensaram os alunos nessa segunda.