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Doze PMs são presos no RN supeitos de extorsão; propina chegava a R$ 30 mil

29.set.2015 - Coletiva anunciou a prisão de 12 policiais militares do RN acusados de receber propina - Divulgação MPE
29.set.2015 - Coletiva anunciou a prisão de 12 policiais militares do RN acusados de receber propina Imagem: Divulgação MPE

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

29/09/2015 21h05

Doze policiais militares do Rio Grande do Norte foram presos em Natal, nesta terça-feira (29), acusados de receber propina, extorquir e subtrair objetos de valores de traficantes e comerciantes de casas de jogos irregulares. Segundo o Ministério Público, a liberação de traficante, por exemplo, poderia render até R$ 30 mil.

Investigações do Ministério Público apontaram que, para não prender em flagrante, os policiais militares recebiam dinheiro e objetos de valor, como armas, notebooks, perfumes e queijos. O grupo é acusado também de extorquir comerciantes da zona norte e área central de Natal para "manter a segurança do estabelecimento".

Segundo o promotor de Justiça Silvio Brito, para o MPE não há dúvidas de que os acusados recebiam propina e, quando não estavam satisfeitos com os valores recebidos, extorquiam ou pegavam objetos de valor das pessoas que eram abordadas.

“Eles iam negociando valores de acordo com a lucratividade do criminoso e o grau de periculosidade. Em vez de prender, agir como manda a lei, eles recebiam valores de R$ 2.000, R$ 3.000, R$ 10 mil de propina para liberar o criminoso que fosse abordado. Algumas vezes, saíam à procura de quem abordar para conseguir vantagem pessoal. Se a pessoa não tivesse o valor cobrado da propina, os policiais pegavam objetos de valores. Certa vez o grupo de três policiais pegou cinco iPhones e R$ 10 mil reais de um traficante", contou o promotor de Justiça.

Segundo o MPE, uma das escutas telefônicas revelou que um policial cita o valor de R$ 30 mil cobrado durante abordagem a Joel Rodrigues da Silva, líder do tráfico de drogas na favela do Mosquito, preso na última sexta-feira (25), durante Operação Citronela. A gravação mostra ainda o militar lamentar “não ter pego R$ 28 mil que estavam no bolso do traficante.”

As investigações comprovaram que os suspeitos retardavam, indevidamente, a realização de abordagem policial. “Após verificarem que pessoas não identificadas estavam furtando peças de roupa de uma loja no bairro da Cidade da Esperança, dando tempo dos mesmos se evadirem e logo em seguida, os próprios policiais furtarem objetos, durante a noite, ao entrarem na loja para verificar a cena do crime”, afirmou o MPE, destacando o ato como “abuso de confiança e gravíssimo desvio funcional.”

Os 12 mandados de prisão expedidos pelo TJ-RN (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte) foram cumpridos por homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do BPChoque (Batalhão de Polícia de Choque).

Os militares presos são lotados no 9º Batalhão da PM (Polícia Militar), situado no bairro da Cidade da Esperança, zona oeste de Natal. Estão presos: Anderson Oliveira Frasseti Maia, André Luiz da Silva Pereira, Antônio Marcos Oliveira da Silva, Damião Alves da Cunha, Ivan Ferreira da Silva Tavares, Isaac Raphael da Cruz Dumaresq, José Cherls Firmiano da Silva, Marcio José da Silva Martins, Marcos Garcia Marinho, Thiago Vale Rabelo Teixeira, Werson Magno de Carvalho e Wilton Franco da Silva.

O comandante-geral da PM, coronel Ângelo Azevedo, lamentou as acusações contra os policiais presos e destacou que “não são fatos dessa natureza que vão nos abalar ou diminuir nossa atuação.” “Infelizmente, esse não é o primeiro caso, outras vezes já ocorreram, e também não serão os últimos. A PM tem 181 anos e não são fatos como esses que vão nos abalar. Lamentavelmente ainda existe esse tipo de acusação, mas estaremos sempre de cabeça erguida e prontos para apurar”, destacou o coronel.

Em nota, a ACSPMRN (Associação dos Cabos e Soldados da PM do Rio Grande do Norte) informou que o núcleo de advogados criminais da entidade dará suporte aos associados acusados pelo Ministério Público.

"Os advogados se dirigiram ao local para garantir os direitos fundamentais dos acusados, em especial, o contraditório e ampla defesa, bem como, o acompanhamento do devido processo legal. Nesse primeiro momento é que todas as oitivas sejam feitas na presença do advogado, bem como, que se evite a exposição desnecessária dos acusados, o que poderia gerar um desgaste prematuro da imagem dos policiais", afirmou a associação.