Topo

Ônibus são apedrejados em favela onde PMs forjaram morte de jovem no Rio

A depredação ocorreu quando motoristas deixavam a garagem para iniciar o dia de trabalho - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
A depredação ocorreu quando motoristas deixavam a garagem para iniciar o dia de trabalho Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio

30/09/2015 10h27Atualizada em 30/09/2015 13h42

A companhia São Silvestre informou que pelo menos oito ônibus de linhas municipais foram apedrejados na manhã desta quarta-feira (30) em um protesto de moradores pela morte de um adolescente de 17 anos na Providência, favela da zona portuária do Rio de Janeiro, onde há uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

A assessoria do Rio Ônibus, órgão que reúne as empresas da categoria, informou que está avaliando o prejuízo. A garagem da São Silvestre está situada em um dos acessos à comunidade. A ação ocorreu quando os motoristas deixavam o local para iniciar o dia de trabalho.

Este é o terceiro protesto de moradores após a morte de um adolescente de 17 anos após ser baleado, na terça-feira (29), em circunstâncias que estão sendo investigadas pela Divisão de Homicídios. Em uma das manifestações, um homem morreu.

Inicialmente, o caso do adolescente foi registrado como auto de resistência (morte em confronto com a PM). Mas a versão dos PMs foi desmentida por um vídeo registrado por moradores. Nas imagens, o jovem aparece ensanguentado e estirado no chão. Um policial da UPP, acompanhado de três colegas fardados, coloca uma pistola na mão do jovem e dispara dois tiros em sequência. Antes, outro PM aparece dando um tiro para o alto com a própria arma.

Para o delegado Rivaldo Barbosa, titular da DH, "está claro que existiu uma fraude processual". A perícia na cena do crime foi refeita após a divulgação das imagens. "Diante dessa situação, vamos analisar a possibilidade de execução e não mais homicídio decorrente de intervenção policial. (...) Se essas pessoas fizeram tanto a fraude quanto o homicídio, responderão na medida da sua culpabilidade."

Os policiais foram presos após prestarem depoimento na 4ª DP (Central do Brasil). Em nota, a CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) informou que a Corregedoria Interna da PM determinou a abertura de um Procedimento Administrativo Disciplinar para analisar a permanência dos policiais na Corporação. A apuração ficará a cargo da 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar.

O porta-voz das UPPs, major Ivan Blaz, disse que "muito provavelmentes" eles serão expulsos da PM. "O comando da Polícia Militar avalia como gravíssima a atitude dos policiais e não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta."