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Limpeza de rio onde navio naufragou com 5.000 bois no PA pode durar 6 meses

Restos dos bois que morreram afogados começaram a boiar no mar - Cezar Magalhães/Diário Online
Restos dos bois que morreram afogados começaram a boiar no mar Imagem: Cezar Magalhães/Diário Online

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

09/10/2015 16h31

A operação para limpar o rio Pará e retirar a carga e os resíduos do navio cargueiro "Haidar", de bandeira libanesa, que transportava 5.000 bois e afundou no cais do porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA), deve durar cerca de seis meses. Segundo a CDP (Companhia de Docas do Pará), o plano de trabalho dividiu as ações em quatro etapas e deverá custar cerca de R$ 150 mil por dia. 

O cargueiro Haidar estava atracado no cais do porto quando começou a tombar e, cerca de duas horas depois, naufragou matando milhares de bois. Algumas embarcações ajudaram no resgate de animais que saíram pela lateral do navio, mas a maioria morreu afogada dentro do compartimento de carga do navio. O gado seria levado para o abate na Venezuela.

Horas depois do acidente, alguns animais que morreram afogados começaram a boiar no mar e foram trazidos pela maré para a praia. Moradores de Barcarena aproveitaram para retalhar os animais mortos na beira-mar e dividir a carne para consumo. Devido ao risco sanitário que a carne possui por não ter certificação sanitária e estar em putrefação, o Estado montou um centro de crise para apreender as carnes furtadas e incinerar os animais mortos.

Além das 5.000 cabeças de gado, o navio estava carregado com 700 mil litros de óleo diesel estocados em oito tanques. Logo depois do acidente, parte do combustível que vazou começou a aparecer no mar

Na quarta-feira (7), autoridades ambientais interditaram a praia de Vila do Conde ao constatarem óleo no local. Desde então, está proibido qualquer tipo de atividade na área. O governo do Pará informou na quinta-feira (8) que equipes técnicas conseguiram conter o vazamento no navio na tarde desta quarta-feira. Cordões de isolamento com boias estão sendo usados emergencialmente para conter a mancha no mar.

Moradores e comerciantes de Vila do Conde estão preocupados com os prejuízos que podem ocorrer devido à interdição da praia. A prefeitura se reuniu com lideranças locais para discutir o que pode ser feito para minimizar os impactos na economia da cidade.

“Toda a comunidade está sofrendo com os impactos, porque não podemos receber ninguém na praia. Vivemos do comércio e estamos apreensivos com a incerteza de quando a praia voltará ao normal”, disse o representante dos comerciantes da praia de Vila do Conde, Henrique Nery Carvalho. 

A presidente da Associação de Moradores de Vila do Conde, Kézia Caetano, também criticou a demora para definição do que vai ser feito para recuperar a balneabilidade da praia. “Esperamos que sejam tomadas providências o mais rápido possível, porque a cada dia que se passa os animais vão apodrecendo lá dentro do navio e não sabemos o que isso pode causar no meio ambiente. É a nossa saúde em risco”, ressaltou Caetano.

De acordo com o diretor presidente da CDP, Parsifal Pontes, a empresa responsável pelo navio apresentou um plano de ações elaborado por uma empresa internacional especializada em desastres naturais ocasionados por naufrágios. 

A primeira etapa do plano foi iniciada nesta sexta-feira (9) com a colocação de novas boias com cordões para isolar a área da mancha do óleo no mar e no rio Pará. Em seguida, cerca de 600 mil litros de óleo diesel serão retirados do rio Pará por equipamentos de sucção. A retirada dos animais que morreram presos dentro do compartimento de carga será feita na segunda e na terceira etapas. A quarta etapa será a retirada do navio e todo o material que afundou no mar.

Segundo Pontes, a CDP está negociando um acordo com a proprietária do cargueiro para dividir ou restituir os custos da operação. A dona da carga, a companhia multinacional Minerva Foods, informou que toda despesa relativa ao acidente é de responsabilidade da empresa contratada para o transporte dos animais. O nome da proprietária do navio cargueiro não foi informado.