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Negligência com instalações de gás é comum no Rio, diz perito

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

19/10/2015 15h56

O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil carioca ainda investigam a origem do vazamento de gás que, segundo apuração preliminar, resultou na explosão em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, na segunda-feira (19), que destruiu imóveis e deixou sete pessoas feridas. Acidentes dessa natureza, envolvendo estruturas de distribuição de gás, têm ocorrido com frequência nos últimos anos --explosões no restaurante Filé Carioca, no centro, e no edifício Canoas, em São Conrado, na zona sul, provocaram, no total, cinco mortes.

Ao UOL, o engenheiro e perito David Gurevitz afirmou que "o número de acidentes é até pequeno em comparação com a quantidade de irregularidades" geralmente encontradas em imóveis e estabelecimentos comerciais na cidade. "Existe uma negligência histórica. Qualquer especialista da área sabe que há muita coisa errada por aí", disse ele.

Em 2014, afirmou Gurevitz, das 2.500 vistorias prediais realizadas por ele no Rio, pelo menos 30% dos casos apresentavam problemas como equipamentos corroídos, mangueiras inadequadas e casa de gás (estrutura interna de armazenamento) sem ventilação adequada. "As inspeções são obrigatórias e ocorrem a cinco anos. A gente observa que a falta de manutenção é o pior dos problemas. Mas também é normal ver equipamentos em péssimo estado. Esse caso da explosão em São Cristóvão não é um caso isolado."

Na avaliação do especialista, até o momento, tudo indica que a explosão em São Cristóvão foi provocada por algum vazamento decorrente de falha na distribuição interna de gás da pizzaria Dell'Arco, situada na rua São Luiz Gonzaga. "Não tem como provocar uma explosão dessa magnitude com gás de cozinha, aquele dos botijões de 13 quilos que todo mundo tem em casa. Eu acredito que o vazamento se deu na pizzaria, mas não nos tanques de gás e sim no sistema interno de distribuição. Pode ter sido algo como uma peça danificada", disse.

O subsecretário de Defesa Civil do Rio, coronel Márcio Motta, afirmou que a explosão "muito provavelmente" deve estar associada a botijões de gás. "Muito provavelmente o que houve aqui foi uma explosão devido a um vazamento de gás GLP (de botijão) que confinou em algum espaço, encontrou uma chama e houve essa queima súbita", declarou.

No terreno da rua São Luiz Gonzaga impactado pela explosão havia um restaurante, uma pizzaria, uma farmácia e uma pensão, onde se concentra o trabalho do Corpo de Bombeiros na busca por outros feridos, que deve durar até a noite de terça (20).

Atrás do local apontado como foco da explosão, há uma vila residencial que também foi prejudicada. Moradora do local, a costureira Marlene Sangy, 46, afirmou ter perdido tudo dentro de casa. "Vi tudo vindo abaixo. Só deu tempo de ligar para a polícia e pedir ajuda. (...) A explosão destruiu tudo. Roupas, objetos, enfim. Tudo dentro da casa está destruído."

Veja imagens da destruição causada por explosão no Rio

Band News

Feridos

Dos sete feridos na explosão, cinco foram liberados pelo Hospital Souza Aguiar, no centro da capital fluminense, após receberem atendimento.

explosão no rio - antes - GoogleStreetView - GoogleStreetView
Imagem do Google Street View mostra o local antes da explosão
Imagem: GoogleStreetView

explosão no rio - depois - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo  - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
Bombeiros trabalham no local da explosão na zona norte do Rio
Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo