Pezão diz que assassinato de cinco jovens por PMs no Rio é "abominável"

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, afirmou nesta segunda-feira (30) que o assassinato de cinco jovens desarmados em um carro na zona norte da capital fluminense, na madrugada de domingo (29), por policiais militares, foi uma atitude "abominável" de "pessoas treinadas para levar a paz". A declaração foi publicada no começo da noite no perfil do governador no Facebook.

"Não vamos tolerar isso. Os policiais terão o direito de se defender, mas se erraram serão punidos. Todo o meu carinho às famílias dos cinco jovens mortos em Costa Barros", conclui a mensagem, que cita o bairro onde ocorreu o crime. Quatro PMs do 41º Batalhão da Polícia Militar foram presos neste domingo e devem responder por homicídio doloso (quando há a intenção de matar) e fraude processual.

O caso foi registrado na 39ª DP (Pavuna) da Polícia Civil e também está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar. Três policiais são acusados de terem fuzilado Roberto de Souza Penha, 16, Carlos Eduardo da Silva de Souza, 16, Cleiton Correa de Souza, 18, Wilton Esteves Domingos Júnior, 20, e Wesley Castro Rodrigues, 25. Além de homicídio, eles são acusados de fraude processual por suspeita de terem tentado modificar a cena do crime, ato do qual teria participado o quarto policial, que também foi preso.

Mais cedo, o governador declarou que o caso não pode ser classificado como racismo --todas as vítimas eram negras. "Não envolve racismo. É erro, e erro a gente combate como eu falei aqui. A gente vai combater. Não é racismo", disse.

Em um estudo divulgado este ano, a Anistia Internacional apontou que 79% das pessoas mortas por policiais militares entre 2010 e 2013 no Rio de Janeiro eram negras, 99,5%, homens, e 75% tinham entre 15 e 29 anos de idade, faixa etária em que se enquadram as cinco vítimas do crime do último sábado.

Ele afirmou ainda que a Polícia Militar tem realizado acompanhamento psicológico dos policiais que mais atiram no Estado e expulsado os que cometeram crimes comprovados. Em 2015, segundo Pezão, 111 PMs foram punidos.

O governador acrescentou que esse tipo de conduta "foge ao controle" do comandante do batalhão e da Secretaria de Segurança Pública. Nesta segunda, o comando da PM exonerou o comandante do 41º BPM, o tenente-coronel Marcos Netto, "em razão dos últimos lamentáveis acontecimentos envolvendo policiais sob o seu comando". 

Pezão também disse que pediu que os órgãos estaduais deem assistência às famílias das vítimas. "É muito dolorido, é abominável, muito triste, a gente ver quase 50 tiros em um automóvel. Isso não é trivial, não é normal. Eu pedi uma apuração muito séria, pedi que a nossa Procuradoria Geral do Estado, a Defensoria Pública e nossa Assistência Social que deem todo apoio. É o mínimo que a gente pode fazer". (Com Agência Brasil)