Com problemas, ciclovias de SP são recapeadas meses depois de inauguradas
Ciclovias de São Paulo implantadas há cerca de um ano estão sendo recapeadas em uma operação tapa-buraco da prefeitura; e algumas já estão com problemas novamente.
Desde a segunda quinzena de novembro de 2015, a Secretaria da Coordenadoria das Subprefeituras, por meio da SPUA (Superintendência das Usinas de Asfalto), intensificou a readequação do pavimento de ruas da capital paulista "devido ao período chuvoso". A ação ocorre após a administração municipal ter reduzido em 70% os gastos com recapeamento.
Além das faixas para veículos automotores, a atuação da SPUA atinge pouco mais de 6% dos 347 quilômetros de ciclovias da cidade, principal bandeira da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), que tentará a reeleição para o cargo em outubro.
As faixas para ciclistas, porém, são planejadas por outro órgão vinculado à prefeitura, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que inaugurou algumas ciclovias com buracos. "Na verdade, nos casos em que nós entendíamos que o pavimento não tinha condições de circulação, nós fizemos a fresagem e o recapeamento [antes de implantar a ciclovia]. Uma coisa é a fissura, outra coisa é apresentar buraco", diz a coordenadora de Projetos Cicloviários da CET, Suzana Leite Nogueira.
Tanto SPUA quanto CET dizem que conversam entre si sobre reparos que sejam necessários em vias. "Neste ano, a SPUA colocou, dentro do rol de intervenções dela, fazer também [o recapeamento] das ciclovias e ciclofaixas nas vias em que eles estão fazendo a intervenção", diz a coordenadora da CET. Segundo a superintendência, 21 quilômetros de ciclovias estão sendo recapeados; a CET não confirma o número. "Esse controle é deles", aponta Nogueira.
Dez meses
Entre as faixas para ciclistas que estão sendo readequadas há partes da ciclovia localizada na avenida Engenheiro Caetano Álvares, na zona norte. Com quase sete quilômetros, ela foi inaugurada pela CET no fim de fevereiro de 2015. Dez meses depois, na primeira semana de 2016, ao menos oito trechos da ciclovia começaram a ser recapeados. "Mas dez meses, para pavimento, é natural a manutenção", afirma Nogueira.
"O que está sendo feito é um complemento, e é permanente. E, daqui a um ano, vai ter que refazer. E, daqui a dois anos, vai ter que refazer, como todo programa de manutenção viária".
O mesmo aconteceu nas faixas exclusivas das ruas Ártia e Secundino Domingues, na Vila Prudente, na zona sul, e na da avenida Bolonha, no Jaguaré, na zona oeste, todas inauguradas no último trimestre de 2014.
O recapeamento também aconteceu em um trecho da ciclovia da rua Madre Cabrini, na Vila Mariana, na zona sul. Esta é a quarta vez que ela passa por alguma alteração. Quando começou a ser instalada, no fim de outubro de 2014, ela não previa uma área para embarque e desembarque de alunos de um colégio da região.
A CET, então, readequou a ciclovia e, para a inauguração --em novembro do ano retrasado--, criou uma faixa azul para ser utilizada pelos estudantes.
Seis meses depois, em maio de 2015, a ciclovia foi praticamente toda repintada pela CET; os buracos e as ondulações na pista, contudo, continuaram. Mais seis meses se passaram e alguns dos buracos foram tapados, mas apenas os do trecho final da rua; outros continuam na faixa para ciclistas. A intervenção, porém, criou mais um setor com desnível na ciclovia, que já apresenta novos buracos no trecho recapeado.
Antes ou depois
A Coordenadoria das Subprefeituras, em nota, diz que as ações de recapeamento "independem da instalação ou não das ciclovias". "Ou seja, alguns serviços de readequações podem, sim, ser executados após a instalação da faixa exclusiva. Assim, podemos aferir que os serviços em execução preveem a melhoria das condições da ciclovia e também do logradouro”.
Quando o projeto "SP 400km" foi lançado, em junho de 2014, estimava-se um custo de R$ 200 mil por quilômetro de ciclovia. Segundo a coordenadora da CET, o custo de recolocar a sinalização nas ciclovias ainda não pode ser calculado.
Em nota, a CET diz que as ciclovias são “monitoradas de forma permanente, pois o objetivo é assegurar que o desempenho de cada trecho atenda critérios como fluidez e segurança dos usuários”. Em janeiro, porém, o IPTD (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) divulgou um estudo em que apontou que as faixas exclusivas para ciclistas possuem "falhas pontuais".
Atualmente, a cidade possui 347,2 quilômetros, sendo que 282,7 quilômetros foram feitos no plano “SP 400km”, que já deveria ter sido concluído. Como o UOL informou no começo do ano, a prefeitura decidiu estender o prazo para atingir a meta para dezembro de 2016, quando se encerra o atual mandato de Haddad na administração municipal. Originalmente, a meta deveria ter sido alcançada em dezembro de 2015.
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