Sem atingir meta, SP estende cronograma para implantar 400 km de ciclovias
A Prefeitura de São Paulo estendeu para o fim de 2016 o cronograma para implantação de ciclovias na cidade. Até então, a previsão era que a cidade tivesse 400 quilômetros novos de vias exclusivas para ciclistas até dezembro de 2015.
Segundo a prefeitura, a "alteração se deu por uma série de fatores que afetaram as ações na área, a exemplo de questionamentos do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Município". "A prefeitura trabalha para cumprir a meta estabelecida no Programa de Metas, válido até o fim desta gestão [em 2016]", disse a administração municipal por meio de nota.
Em junho de 2014, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, anunciou o programa “SP 400km”, que previa a implantação de 400 quilômetros novos de ciclovias na capital paulista até o fim de 2016. Porém o cronograma do projeto (disponível no site da prefeitura) previa que a execução das vias exclusivas terminaria em dezembro de 2015.
A proposta era que, em 19 meses, a cidade ganhasse 400 quilômetros de ciclovias, que seriam agregados aos 64,7 quilômetros feitos por gestões anteriores.
De acordo com o cronograma, a cidade iria atingir a meta prevista aos poucos. Entre julho e setembro de 2014, seriam implantados 40 quilômetros de ciclovias por mês. Outros 60 quilômetros seriam criados em outubro e novembro (metade em cada mês). De dezembro de 2014 até abril de 2015, seriam 20 quilômetros por mês. A partir de maio, a cidade ganharia 15 quilômetros de ciclovias em cada mês até dezembro de 2015, totalizando os 400 quilômetros desejados, a um custo inicial estimado em R$ 80 milhões (R$ 200 mil por quilômetro).
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), até 31 de dezembro de 2015, a cidade possuía 277 quilômetros de vias exclusivas para ciclistas feitos desde o lançamento do "SP 400km". Se o cronograma tivesse sido seguido, essa quilometragem teria sido alcançada em abril do ano passado.
Em nota, a CET, sem citar prazos para inauguração, diz que "estão em construção outras ciclovias, como as das avenidas Pacaembu e Antártica (ambas na zona oeste)". Já a prefeitura informa que são previstos mais 136,3 quilômetros de ciclovias, "com projetos que atenderão bairros como Parelheiros e Capela do Socorro (zona sul), Vila Maria, Vila Guilherme e Cachoeirinha (zona norte), São Miguel e Aricanduva (zona leste)". Ou seja, a meta agora é chegar a 413,3 quilômetros novos até o final de 2016.
Atraso antigo
Em março de 2015, o UOL já havia relatado o atraso para que o plano fosse cumprido. Na ocasião, o diretor de planejamento da CET, Tadeu Leite Duarte, culpou “as intempéries do final de 2014” pela demora e prometeu mudar o cronograma para que a meta fosse atingida. “Em vez de 15 quilômetros por mês, vamos trabalhar com uma média de implantação de 20 quilômetros. Já temos um projeto, é só ajustar”, disse Duarte na ocasião.
A própria prefeitura, em março passado, disse ao UOL que os quilômetros que faltavam para que o “SP 400km” fosse cumprido “estavam planejados para implantação nos próximos nove meses e meio, objetivo consoante com o ritmo já demonstrando” e informou que o cronograma vinha “sendo atualizado continuamente pela equipe técnica da CET".
Hoje, somando a quilometragem de todas as ciclovias --incluindo as feitas em gestões anteriores à administração de Fernando Haddad (PT)--, São Paulo tem 341,7 quilômetros de vias exclusivas para ciclistas.
O cenário adverso da economia faz com que o prefeito não consiga atingir algumas metas que sua gestão traçou, como entregar 150 quilômetros de corredores de ônibus, além da criação dos 400 quilômetros de ciclovias, por exemplo.
Com a arrecadação da cidade abaixo do previsto para o Orçamento de 2015, Haddad chegou a ordenar, em dezembro passado, o corte de ao menos 20% das despesas da capital paulista.
Segurança
Para o pesquisador de mobilidade urbana e professor do Mackenzie Luiz Vicente de Mello Filho, o mais importante, no que tange às ciclovias, seria “pensar em qualidade e não em quantidade”.
“Elas realmente estão interligando vias que já eram utilizadas pelos ciclistas, mas precisa ver a qualidade. Qualidade está ligada à segurança, que, penso, acabou não sendo o ponto principal, como no caso do Minhocão”, disse o acadêmico referindo-se ao idoso que morreu atropelado por um ciclista no canteiro central da via da avenida General Olímpio da Silveira, embaixo do elevado Costa e Silva, o Minhocão, em agosto passado.
Além da segurança, o professor diz acreditar que outro fator é fundamental para uma melhor integração da comunidade com as ciclovias: debater o local em que ela será implantada. "Toda vez que se faz uma ciclovia, você tem que falar com os moradores, comerciantes, e ver quais são as opiniões, recomendações de quem vive no local. Isso acontece em Nova York. Assim, quando a ciclovia chega, a comunidade já está integrada a ela e abraça-a", diz Mello.
“É importante sempre envolver a comunidade. Isso evita conflitos”, comenta o especialista, relembrando as reclamações sobre a ciclovia instalada na porta de colégios e universidade em uma rua da zona sul de São Paulo.
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