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Em pesquisa, 49% dos homens dizem que bloco não é para mulher 'direita'

Bloco feminista no Rio ironiza o machismo com fantasias e cartazes - Marcelo Valle/Divulgação
Bloco feminista no Rio ironiza o machismo com fantasias e cartazes Imagem: Marcelo Valle/Divulgação

Da Agência Brasil

08/02/2016 08h30

Pesquisa feita pelo Instituto Data Popular como contribuição à campanha Carnaval Sem Assédio, do site Catraca Livre, mostra que a maior parte dos homens ainda é machista em relação à participação de mulheres nos festejos de rua.

A pesquisa foi realizada entre os dias 4 e 12 de janeiro, com 3.500 brasileiros com idade igual ou superior a 16 anos, em 146 municípios.

"O que existe por parte dos homens é uma naturalização do machismo", disse à Agência Brasil, neste sábado (6), o presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles. De acordo com a sondagem, 61% dos homens abordados afirmaram que uma mulher solteira que vai pular Carnaval não pode reclamar de ser cantada; 49% disseram que bloco de Carnaval não é lugar para mulher "direita"; e 56% consideram que mulheres que usam aplicativos de relacionamento não querem nada sério.

Segundo Meirelles, o homem ainda tem uma visão de que a mulher é propriedade dele e que ela é feliz dessa forma, "como se a mulher tivesse que ser grata pela grosseria dele".

A pesquisa confirma a percepção distorcida do sexo masculino de que a mulher, ao participar de blocos de rua, quer ser assediada. "Isso tem a ver com o processo histórico-cultural no Brasil", disse.

Renato Meirelles lembrou que qualquer tipo de abordagem sem o consentimento da mulher é assédio. E o assédio, além de ser moralmente errado, dependendo do tipo é crime e moralmente não funciona, lembrou.

A sondagem revela também que na percepção de 70% dos homens as mulheres se sentem felizes quando ouvem um assobio, 59% acham que as mulheres ficam felizes quando ouvem uma cantada na rua e 49% acreditam que as mulheres gostam quando são chamadas de gostosa.

O lado feminino do assédio será objeto de outra pesquisa que o Instituto Data Popular divulgará mais adiante.