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Policiais do RJ invadem Alerj em protesto contra cortes do Estado

Servidores de segurança pública do RJ protestam diante da Alerj - Gustavo Maia/UOL - Gustavo Maia/UOL
Milhares de servidores das forças de segurança pública protestaram contra o pacote de medidas de austeridade proposto pelo governo estadual
Imagem: Gustavo Maia/UOL

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

08/11/2016 14h24Atualizada em 08/11/2016 16h52

Policiais civis e militares do Rio de Janeiro, além de integrantes do Corpo de Bombeiros e agentes penitenciários e do Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas), invadiram a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) durante manifestação contra o pacote de medidas de austeridade proposto pelo Governo do Estado nesta terça-feira (8).

Cerca de 200 manifestantes entraram sem encontrar resistência --apenas sete policiais militares guardavam a entrada do edifício, mas não houve confronto. Aos gritos de "a casa é nossa", os servidores entraram no plenário da Casa. Por volta das 15h a polícia fechou as entradas do prédio, impedindo a entrada e saída de manifestantes, e às 16h haviam sobrado cerca de 50 pessoas no interior do edifício.

Eles se protestam contra o plano enviado ao Legislativo estadual na última sexta (4) --composto de 22 de projetos de lei, entre eles iniciativas impopulares como a elevação da contribuição previdenciária de servidores ativos, inativos e pensionistas para 30% dos salários.

O grupo pleiteia desde o arquivamento das propostas e o impeachment do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Os servidores públicos falaram também na possibilidade de deflagrarem greve caso as medidas sejam aprovadas pela Alerj.

Por meio de nota, Picciani (PMDB) afirmou que a invasão do prédio é "um crime e uma afronta ao estado democrático de direito sem precedentes na história política brasileira" que deve ser "repudiado".

"Esse é um caso de polícia e de Justiça, e não vai impedir o funcionamento do Parlamento. No dia 16 iniciaremos as discussões das mensagens enviadas à Alerj pelo Poder Executivo. Os prejuízos causados ao patrimônio público serão registrados e encaminhados à polícia para a responsabilização dos culpados", afirmou o deputado.

Policiais invadem Alerj - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Parte dos policiais invadiu o prédio da Alerj
Imagem: Arquivo Pessoal

"Se mexer no meu salário, vai dar ruim", disse um policial militar, do alto de um carro de som, ouvindo aplausos e gritos. "Quem encara bandido de fuzil não tem medo de bandido de terno", completou outro, também ovacionado.

A segurança da Alerj pediu reforço de policiais do Batalhão de Choque para reforçar o trabalho de dezenas de policiais militares que faziam a segurança e impediam a entrada dos manifestantes no Palácio Tiradentes. Os participantes do ato se dirigiram aos colegas em serviço dizendo que não haveria "guerra" e que eles deveriam "virar de costas". O comandante de um grupamento foi visto pedindo calma aos colegas que protestavam.

Cada um de nós é um Tiranossauro rex. Não vai ter essa história de pacificação.

Policial militar

Em outra fala do carro de som, um manifestante declarou que "se sacanearem a polícia, não vai ter Réveillon". Outro chamou o ato de "queda da Bastilha moderna", em referência ao marco histórico da Revolução Francesa, em 1789. Participantes do protesto exibiam faixas com frases como "servidores não pagarão o pato" e “juntos somos fortes: policiais e bombeiros sem respeito = Rio sem segurança".

Viúva de um policial militar, a pensionista Patrícia Navega, 42, levou um banner com a foto e um pedido de "socorro" ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. "O Governo do RJ quer matar a Segurança Pública com o pacote da maldade! Não vamos pagar a conta de um governo incompetente! Basta de covardia e impunidade! Impeachment já!", dizia o cartaz.

"Estamos sendo humilhados. A pensão está atrasando há meses e já estou com várias restrições no CPF. A gente vive na instabilidade, pagando contas com juros", disse Patrícia, que disse que precisar "de um juiz que faça uma 'lava-jato' nesse governo imundo".