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56 mortes em rebelião: 'nunca vi nada igual na minha vida, aqueles corpos, o sangue... fiquem com Deus!'

Do UOL, em São Paulo

02/01/2017 13h30Atualizada em 03/01/2017 10h05

O juiz titular da Vara de Execução Penal do TJ (Tribunal de Justiça) do Amazonas, Luís Carlos Valois, disse que ficou chocado com o que viu no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus, onde uma rebelião deixou ao menos 56 detentos mortos. “Nunca vi nada igual na minha vida, aqueles corpos, o sangue...fiquem com Deus!”, escreveu Valois em sua página no Facebook. O juiz é suspeito de ligação com o crime organizado.

A rebelião, que durou cerca de 17 horas, foi iniciada na tarde de domingo (1º) e só se encerrou às 7h --hora local-- desta segunda-feira (2).

De acordo com Valois, sua presença no local foi requisitada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. “Chegando lá os presos tinha tomado todo o regime fechado e o semiaberto. Tinham feito um buraco e passavam de um lado para o outro”.

O juiz diz que liderou as negociações com os presos. “[Eles pediram] apenas que nos comprometêssemos a não fazer transferências, a manter a integridade física e o direito de visitas”.

De acordo com Valois, naquele instante, não havia como precisar o número de mortos. “Muitos estavam esquartejados. Difícil afirmar”.

A rebelião

O secretário de Segurança Pública de Amazonas, Sérgio Fontes, atribuiu o problema a uma guerra entre facções rivais pelo controle de tráfico de entorpecentes em Manaus. A facção conhecida como FDN (Família do Norte) teria atacado membros do PCC (Primeiro Comando da Capital).

"Na negociação, os presos exigiram praticamente nada. Apenas que não houvesse excessos na entrada da PM, coisas que não iriam ocorrer mesmo. O que acreditamos é que eles já haviam feito o que queriam, que era matar essa quantidade de membros da organização rival e a garantia que não seriam agredidos pela polícia. A FDN massacrou os supostos integrantes do PCC e outros supostos desafetos que tinham naquele momento. Não houve contrapartida da outra facção", afirmou o secretário.

Ele afirmou que o episódio é mais um capítulo do problema que é nacional e deve ser enfrentado pelo governo federal em apoio aos Estados que vem registrando esse tipo de rebelião.

"Infelizmente, isso não é só nosso. Talvez um número um pouco maior que nos outros Estados. Mas ocorreu recentemente em outros presídios do Acre, Rondônia, Roraima, Acre Estados no nordeste. Exige uma medida de caráter nacional. Para tratar juntos desse problema".

Defesa

Por meio de seu advogado, o juiz afirmou que "não possui qualquer envolvimento com organizações criminosas. Os presos solicitam sua presença tão somente por ele ser o juiz da vara de execuções penais e, por lei, ser o juiz competente para analisar questões referentes ao sistema prisional."