Com salário atrasado, aposentada atravessa o Rio por cesta básica: "Fiquei 3 dias sem me alimentar"
Maria das Dores de Souza, 67, acumula dívidas em decorrência dos atrasos nos pagamentos aos servidores no Rio de Janeiro. A merendeira aposentada relata que passou por dificuldades e hoje recorre ao Muspe (Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais) para receber quinzenalmente uma cesta básica.
"Já cheguei a ficar dois, três dias sem me alimentar", disse Maria das Dores, que faz tratamento contra leucemia. A reportagem do UOL acompanhou na última quarta-feira (9) a ida da merendeira a um dos pontos do Muspe de distribuição de cestas básicas, no centro da capital fluminense (assista ao vídeo).
Maria das Dores, que recebe pouco mais de R$ 900 de aposentadoria, conta que hoje deve cerca de R$ 2.000 ao banco, o equivalente a empréstimos consignados que solicitou, mas não conseguiu honrar em razão dos atrasos nos depósitos. A cobrança de juros, observa ela, agravou a situação ao longo dos últimos meses.
A aposentada atualmente mora com uma filha em Campo Grande --bairro da zona oeste mais de 50 km distante da região central da cidade--, com quem divide a cesta básica doada. Ao todo foram distribuídas pelo Muspe 3.000 cestas básicas, cerca de 33 toneladas de alimentos, desde que a crise no Estado passou a atingir servidores, aposentados e pensionistas.
Pezão promete quitar salários até sexta
A situação de Maria das Dores pode começar a ser resolvida nesta semana, quando o governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB) promete colocar em dia todos os salários em atraso, inclusive os de maio e junho.
Nem todos os servidores do Rio de Janeiro vão receber os salários referentes a julho nesta segunda-feira (14), 10º dia útil do mês, quando os depósitos deveriam ser feitos, mas nesta semana o governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB) promete quitar todos os salários em atraso --à exceção do 13º de 2016.
Os salários de julho, maio e junho em atraso serão pagos integralmente aos servidores públicos até esta sexta-feira (18), segundo prometeu Pezão.
De acordo com o governador, com o leilão em que o Bradesco venceu para continuar à frente da gestão da folha de pagamento, o Tesouro Estadual vai receber R$ 1,3 bilhão. É, com esse dinheiro, que os salários serão pagos (exceto o 13º). O Bradesco realiza a gestão dos pagamentos de servidores do RJ desde 2012, quando substituiu o Itaú. O contrato é de cinco anos.
O contrato com o Bradesco foi assinado na sexta (11), no Palácio Guanabara. A partir dessa assinatura, o banco tem até cinco dias úteis para depositar os recursos na conta do Tesouro Estadual.
De acordo com a Secretaria da Fazenda e Planejamento, R$ 1,2 bilhão referentes ao 13º salário ainda não foram depositados e serão pagos, "quando houver uma operação de crédito lastreada nas ações da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro)".
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