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Mulheres de mortos pela polícia no Morumbi são detidas com R$ 30 mil, segundo Deic

Moradores registraram o tiroteio no Morumbi; veja

UOL Notícias

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

05/09/2017 17h37Atualizada em 05/09/2017 22h31

Duas mulheres e dois homens, ligados aos 10 suspeitos mortos por policiais civis neste domingo (3), no Morumbi, zona oeste de São Paulo, foram detidos por policiais militares no fim da noite desta segunda-feira (4) com mais de R$ 30 mil em dinheiro. Investigadores da Polícia Civil informaram à reportagem que a mulher do indicado como líder da quadrilha, Mizael Pereira Bastos, o "Sassá", 28, e a mulher de um outro integrante do bando foram pegas com a quantia.

Inicialmente, investigadores haviam informado que o valor apreendido era de R$ 40 mil. O Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), entretanto, emitiu nota na noite desta terça afirmando que com a mulher de Mizael os PMs encontraram R$ 30 mil. "Ela tentou explicar a procedência como empréstimo de um agiota", mas, "informalmente admitiu que era para providenciar o sepultamento do marido", diz o comunicado.

A suspeita é de que o valor teria sido oferecido pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). O dinheiro, segundo os investigadores, seria uma oferta da facção para o enterro dos 10 suspeitos, previsto para ocorrer nesta nesta quarta-feira (6), no cemitério do Valle dos Reis, em Taboão da Serra, região metropolitana de São Paulo.

PMs da Rocam abordaram os quatro no fim da noite de ontem na região da Vila Sônia, zona oeste da cidade. Após revistarem o carro em que eles estavam, um Hyundai Hb20, os PMs estranharam o montante e levaram os suspeitos até o 34º DP (Distrito Policial), no mesmo bairro.

04.set.2017 - Criminosos estavam em um Hyundai Santa Fé e um Fiat Toro - Divulgação/Polícia Civil - Divulgação/Polícia Civil
04.set.2017 - Criminosos estavam em um Hyundai Santa Fé e um Fiat Toro
Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Policiais do DP informaram que o grupo foi indagado sobre a origem do dinheiro aos suspeitos e eles teriam relatado que era do PCC, em ajuda às famílias dos mortos no Morumbi. Pela ligação com o crime, o delegado de plantão enviou a ocorrência ao Deic.

Os quatro foram apresentados na 4ª Delegacia de Patrimônios, onde foram interrogados e, na madrugada desta terça-feira (5), liberados, após averiguação. O dinheiro, fruto do crime organizado, foi apreendido, segundo a assessoria de imprensa do Deic.

Na tarde de segunda-feira (4), delegados do Deic haviam informado que os criminosos mortos na ação policial no Morumbi não atuavam na linha de frente do PCC.

O crime

Segundo a Polícia Civil, os 10 suspeitos foram mortos na noite de domingo (3), após investigação de sete meses. Eles eram especialistas em roubo a mansões de áreas nobres de São Paulo, segundo a polícia, e costumavam agir aos domingos, durante a noite. Com eles, foram apreendidos quatro fuzis, além de pistolas. Quatro policiais ficaram feridos por estilhaços.

Na ação, os 10 foram atingidos por 139 tiros no total. Só um deles foi baleado 33 vezes. Outro levou 27 disparos, sendo 13 deles nas costas. Os tiros também deixaram marcas nos muros das casas, em portões, janelas e em carros de moradores estacionados na rua.

Para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a ação teve "inteligência" e uma "eficiência de Deus". "Quem está de fuzil não está querendo conversar. Eram criminosos fortemente armados, com munição inclusive que nem pode ser utilizada e coletes balísticos", afirmou Alckmin na segunda-feira (4).

Nesta terça (5), ele reafirmou os elogios à operação policial em entrevista à Rádio Bandeirantes. "Carros da polícia foram cravejados de bala. Esse resultado extremamente positivo para a polícia, foi resultado de dois meses de acompanhamento e monitoramento intenso, e do número de policiais, porque em uma ação dessas não pode ir com pouca gente. Foram 36 policiais atuando simultâneos e policiais com fuzis", disse.

No entanto, o número de policiais envolvidos informado pelo governador nesta terça-feira não é o mesmo que a Polícia Civil informou em uma coletiva de imprensa realizada na segunda. De acordo com o delegado Ítalo Zaccaro Neto, que atuou na inteligência da polícia no caso, havia quatro policiais em carros descaracterizados na busca pelos criminosos. Quando encontraram, pediram apoio. Ao todo, segundo o delegado, foram 13 policiais contra 10 ladrões armados com quatro fuzis.

"A eficiência vem de Deus, porque estamos do lado do bem e eles, do mal. E nós treinamos. Eles se acham mais fortes do que a polícia da área. Qualquer coisa que aconteça, eles vão para cima", disse Zaccaro Neto. Ao todo, os 10 suspeitos foram atingidos por 139 tiros. Só um deles foi baleado 33 vezes. Outro levou 27 disparos, sendo 13 deles nas costas.

O caso é investigado por equipes do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), da Polícia Civil. A Anistia Internacional e a Ouvidoria da Polícia de SP cobram investigações sobre o caso. O MP não informou, até a publicação desta reportagem, se um promotor foi designado para acompanhar as investigações.