Topo

Esse conteúdo é antigo

Polícia abre nova investigação após ex de Jairinho relatar agressão a filha

O vereador Jairinho, do Solidariedade, era padrasto do pequeno Henry, de 4 anos - Divulgação/Câmara Municipal do Rio
O vereador Jairinho, do Solidariedade, era padrasto do pequeno Henry, de 4 anos Imagem: Divulgação/Câmara Municipal do Rio

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio

26/03/2021 10h31Atualizada em 08/04/2021 16h38

A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu uma investigação paralela ao caso do menino Henry Borel, de 4 anos. Aos agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, uma adolescente de 13 anos relatou ter sido agredida quando tinha 4 anos pelo médico e vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), padrasto de Henry. A mãe dela, com quem o parlamentar teve um relacionamento, também foi ouvida. Além disso, o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) também está investigando o fato de Jairinho não ter prestado os primeiros socorros no garoto.

No depoimento, que durou cerca de 5 horas, a menina, que não teve o nome divulgado, na presença de um psicólogo, contou que era agredida frequentemente por Jairinho há 8 anos. Mesmo que o caso tenha sido registrado na DCAV, a delegacia da Barra da Tijuca, que investiga a morte de Henry, também está analisando o conteúdo da oitiva.

De acordo com o jornal O Globo, aos agentes a menina relatou ter contado para a avó materna que teve a cabeça afundada por ele embaixo da água de uma piscina. A mãe da agora adolescente disse que em determinado momento a filha não queria mais ficar com ela quando estivesse com Jairinho e pedia para dormir na casa da avó.

A defesa do político afirmou ao UOL que a mulher que prestou depoimento é a mesma que tatuou o nome do vereador e que o perseguia. O advogado André França falou ainda que "existe uma perseguição sendo dirigida e o que a gente está interessado é tirar toda essa zona cinzenta de todas as pessoas que tiveram contato com o Henry, com o Jairinho e a Monique [mãe do menino]. Os três no mesmo ambiente conjuntamente relatam uma relação extremamente amorosa, de carinho, de respeito". A defesa alega ainda que a ex-namorada procurou primeiro o pai de Henry antes de prestar depoimento com a filha.

Por outro lado, o advogado Leonardo Barreto, que defende o pai do menino, Leniel Borel, garantiu que pode falar "que o testemunho é bastante claro, lúcido, preciso, consistente, direto e muito grave".

Defesa anexa cartas ao processo

Ao UOL, o advogado André França, que representa Monique Medeiros, mãe de Henry, e o vereador Jairinho enviou três depoimentos escritos à mão por duas ex-companheiras do parlamentar e um dos três filhos do político. De acordo com ele, o conteúdo das cartas foi anexado ao processo.

O primeiro documento era da ex-mulher Ana Carolina Netto, com quem Jairinho tem dois filhos. Em trechos do documento, a mulher diz que o parlamentar é um "cara completamente preocupado com tudo. Fazia questão dos domingos terem o nosso programa de família". Ana Carolina escreveu ainda que para ela "chega ser um absurdo ter que escrever sobre ele [Jairinho], pois sempre fez o bem, com os filhos, funcionários, vizinhos...".

O advogado enviou também uma outra carta. Desta vez escrita por Fernanda Abidu Figueiredo — mãe do primeiro filho do político. No depoimento, ela diz que começou a namorar com o parlamentar aos 16 anos e que, três anos depois, engravidou de Luiz Fernando, atualmente com 23 anos.

A mulher disse que Jairinho "sempre foi presente, sempre preocupado. Um ser humano incrível com um coração coração maior que ele". Ela finaliza escrevendo que "criamos um filho com muita paciência, conversa e a base de tudo o amor por ele. Que orgulho por Deus ter permitido viver essa nossa história, eu o escolheria mil vezes".

Por fim, o filho mais velho de Jairinho, Luiz Fernando, 23, disse que o nunca viu o pai "tratar ninguém de forma ríspida, nunca vi destratar ninguém".

O jovem acrescenta ainda que o político "nunca levantou a voz contra mim, nunca me encostou um dedo. Tudo sempre foi resolvido através da conversa e com muita compreensão. A relação dos meus pais sempre foi de muita cumplicidade, amizade e amor, mesmo não estando mais juntos".

Cremerj entra no caso

Além das investigações por parte da Polícia Civil, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro informou que "está acompanhando os fatos e tomará todas as medidas cabíveis."

O Cremerj irá averiguar uma possível omissão de socorro por parte do vereador e também médico Dr. Jairinho ao enteado na madrugada do último dia 8.

Em depoimento, o parlamentar informou que no trajeto para o hospital, recomendou que a mãe, Monique Medeiros, realizasse procedimento boca a boca.

Questionado do motivo pelo qual Dr. Jairinho não ajudou a reanimar a criança, o vereador alegou que a última vez que tinha feito massagem cardíaca tinha sido em um boneco durante o período em que cursava Medicina.

No início da tarde de hoje, a médica que atendeu Henry no Hospital Barra D'Or, na zona oeste da cidade, prestou depoimento aos agentes da 16ª DP (Barra). Em depoimento ela confirmou que a criança já chegou morta na unidade. A polícia deve ouvir também o médico que atendeu a mãe do menino.