Justiça mantém presos suspeitos de tortura e sexo oral forçado em abordagem
O TJSP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) manteve a prisão dos cinco GCMs (guardas-civis municipais) suspeitos de torturar e obrigar seis jovens a fazer sexo oral uns nos outros durante abordagem em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo. Eles negam o crime.
O que aconteceu:
A audiência de custódia dos agentes foi realizada ontem. A informação foi confirmada pelo TJSP ao UOL.
A Justiça entendeu que "não houve ilegalidades ou irregularidades no cumprimento de mandados de prisão" dos cinco agentes e manteve a prisão temporária deles com validade de 30 dias. Eles seguem presos. Não foi informado onde os guardas-civis municipais estão detidos.
A Justiça de São Paulo já havia emitido mandados de prisão temporária contra os seis acusados que teriam participado da ação, ocorrida em maio, após pedido da Polícia Civil. Os seis agentes estavam foragidos e cinco deles se entregaram à polícia na terça-feira (15). As buscas prosseguem para prender o sexto investigado.
Entenda o caso:
Segundo a polícia, seis jovens estavam "dando grau" (empinando motos) em um parque abandonado do município, quando foram abordados pelos agentes. Uma das vítimas ligou para a mãe enquanto ocorria a ação. A gravação foi analisada por peritos e confirmou a veracidade do áudio.
Os agentes obrigaram os jovens a fazerem sexo oral entre eles, segundo apurou o SBT, além de espancá-los e torturá-los. Os guardas foram reconhecidos por meio de vídeos postados nas redes sociais em que os profissionais de segurança aparecem rezando fardados. As vítimas não tinham passagem pela polícia.
Os guardas supostamente envolvidos no episódio "foram afastados de suas funções e responderão processo administrativo e disciplinar", segundo a Secretaria de Segurança e o comando da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de Itapecerica da Serra, em nota oficial à reportagem. Os suspeitos não tiveram as identidades divulgadas.
A administração municipal ainda esclareceu que ainda não obteve acesso aos autos do inquérito "para análise e individualização de cada uma das condutas dos envolvidos". A previsão para entrega da documentação era 14 de agosto. "A Corregedoria da GCM (Guarda Civil Municipal) protocolou pedido de vistas ao inquérito para tomar as medidas administrativas cabíveis, porém não recebeu a liberação".
Todos que não tenham participado ficaram observando as agressões. O que a gente vai fazer é individualizar, realmente é: esse queria? Não queria? Esse se eximiu de fazer alguma coisa? Para quando o juiz for graduar a pena, se condenados, poder avaliar com senso de justiça.
Luis Roberto Faria Hellmeinster, delegado
Agentes negam os crimes
O advogado Cleisson Martins, que representa dois dos agentes, afirmou ao UOL que conversou com os cinco agentes antes de se entregarem à polícia e eles negaram que qualquer crime tenha sido cometido na abordagem.
Os suspeitos "acreditam fielmente [que o caso] trata-se de uma armação muito bem orquestrada para incriminá-los", de acordo com Martins. O teor sobre a suposta "armação", porém, não foi divulgado pelo defensor.
Martins ressaltou nesta quinta-feira (17) que a audiência de custódia tem "caráter meramente protocolar onde se apura se a prisão foi legal".
Os advogados, após ouvirem os acusados, acreditam neles, e através do processo restará comprovado que todos são inocentes. Acreditamos que nos próximos dias a defesa irá protocolar o primeiro pedido de revogação da prisão temporária para que os acusados possam responder em liberdade.
Cleisson Martins, advogado
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