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Explosões em metrô deixam mais de 30 mortos em Moscou

Bombeiros transportam corpo de uma das vítimas dos atentados no centro de Moscou. Duas explosões atingiram o sistema de metrô da cidade durante a manhã desta segunda-feira (29) - Sergey Ponomarev/AP
Bombeiros transportam corpo de uma das vítimas dos atentados no centro de Moscou. Duas explosões atingiram o sistema de metrô da cidade durante a manhã desta segunda-feira (29) Imagem: Sergey Ponomarev/AP

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

29/03/2010 02h48

Atualizada às 10h25

Duas explosões mataram mais de 30 pessoas na manhã desta segunda-feira (29) nas estações Lubyanka e Park Kultury do metrô, no centro de Moscou, capital da Rússia. Segundo o Serviço Federal de Segurança da Rússia (da sigla FSB, antiga KGB), as explosões foram efetuadas por duas mulheres-bomba de origem ainda desconhecida.

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Metrô de Moscou foi palco de seis atentados nos últimos 12 anos

O último ataque foi em fevereiro de 2004, quando uma bomba em uma das linhas mais usadas, a Zamoskvoretskaya ("rio Moscou"), matou 40 pessoas e feriu mais de cem. A linha liga os dois principais aeroportos da capital.

Segundo autoridades locais, pelo menos 37 pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas. Ainda de acordo com a FSB, os atentados foram provavelmente tramados por "grupos terroristas" vinculados a grupos separatistas da Chechênia, situada no Cáucaso, região  majoritariamente muçulmana e palco de violenta insurgência nos últimos anos.

Os atentados ocorreram no início do horário de pico em Moscou e paralisaram completamente a principal linha de transporte metropolitano da cidade, que transporta todos os dias cerca de 2 milhões de pessoas.

De acordo com o Ministério de Emergência do país, a primeira explosão aconteceu pouco antes das 8h (horário local, 2h de Brasília) na estação Lubyanka, quando as portas do trem se abriram, e as pessoas saíam para a plataforma. Essa estação fica na praça de mesmo nome, que abriga a sede da FSB, onde ocorriam interrogatórios e eliminações de dissidentes do regime na época da União Soviética. O segundo atentado, executado na estação Park Kultury às 8h40 (horário local), matou pelo menos 12 pessoas e deixou 15 feridos.

Fontes do governo revelaram que as equipes de resgate encontraram pedaços de corpos de duas terroristas que causaram as explosões nas duas estações. Testemunhas relataram o pânico nas duas estações subterrâneas atingidas, com pessoas caindo umas sobre as outras em meio à densa fumaça e poeira quando tentavam escapar.

Veja onde ocorreu o duplo atentado na Rússia

"Eu ouvi uma explosão, virei minha cabeça e vi fumaça em todo o lugar. Pessoas correram para a saída da estação gritando", conta Alexander Vakulov, 24 anos, que estava no vagão da plataforma oposta de onde ocorreu o ataque. "Vi uma pessoa morta pela primeira vez na minha vida", contou Veletin Popov, 19 anos.

Os feridos foram levados de ambulância e helicópteros para hospitais da região.

Por conta do trabalho dos bombeiros e temendo novos ataques, a linha do metrô onde aconteceram as explosões foi fechada pela polícia russa, o que provocou caos e pânico entre os passageiros. O tráfego foi interrompido em várias regiões do centro da capital russa e as linhas telefônicas também foram afetadas e muitas estão mudas.

Há pelo menos seis anos o país não registrava ações terroristas como as ocorridas nesta manhã. O prefeito de Moscou, Yury Luzhkov, informou que as explosões foram causadas por 300 a 400 gramas de explosivos enrolados nos corpos de cada uma das mulheres suicidas.

Reações

Devido aos ataques, o presidente russo, Dmitri Medvedev, declarou guerra contra o terrorismo no país. "A política de esmagamento do terror em nosso país e a luta contra os terroristas continuará. Prosseguiremos as operações contra os terroristas sem vacilações e até o final", disse Medvedev em comunicado distribuído pelo Kremlin.

O presidente russo se mostrou convencido de que os terroristas queriam causar a "desestabilização da situação no país e na sociedade", informou as agências russas. "Isto, evidentemente, é a continuação da atividade terrorista", disse Medvedev, que lamentou que as medidas antiterroristas adotadas até agora fossem "obviamente, insuficientes".

O presidente russo ressaltou a importância de "reforçar" a segurança antiterrorismo e aplicar essas medidas não só na escala local, mas nacional.

Em agosto do ano passado, Medvedev anunciou a ampliação da campanha contra o terrorismo no Cáucaso Norte, após outro atentado suicida ter sido perpetrado contra um prédio da polícia na República da Inguchétia, no qual morreram 24 pessoas.

"Prevenir atentados desta classe é um assunto complicado, da mesma forma que garantir a segurança no transporte", afirmou. O chefe do Kremlin pediu às forças de segurança para "controlarem com firmeza a situação, mas sem violar os direitos dos cidadãos". Também pediu às autoridades para oferecer toda a ajuda necessária às vítimas, a seus parentes e a outros afetados pelo pânico causado pelo atentado.

O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, também condenou os ataques desta segunda-feira. "Tenho certeza de que os órgãos de segurança farão tudo o que puderem para encontrar e punir os criminosos. Os terroristas serão liquidados", afirmou Putin durante uma visita à cidade siberiana de Krasnoyarsk. "Só com esforços conjuntos conseguiremos derrotar os grupos clandestinos e vencer esse mal", declarou. O premiê também manifestou a intenção de aprovar indenizações para as famílias das vítimas antes do fim do dia.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou os atentados. "O povo americano é solidário com o povo da Rússia na oposição ao extremismo e aos atrozes atentados terroristas que demonstram tal indiferença à vida humana, e condenamos estes atos monstruosos", afirmou Obama em um comunicado. Por causa dos atentados, a polícia de Nova York reforçou nesta segunda-feira as medidas de segurança no sistema de metrôs da cidade.

"Em resposta aos atentados com bomba em Moscou, a polícia de Nova York está aumentando a cobertura policial no sistema de metrôs da cidade", anunciou o porta-voz do Departamento de Polícia de Nova York, o tenente John Grimpel.

Grimpel explicou que não existe uma ameaça concreta contra Nova York e destacou que as medidas adotadas são uma "precaução".

Outros ataques em Moscou

Moscou registrou nos últimos 10 anos uma série de explosões mortais reivindicadas por militantes da causa chechena, mas nos últimos anos os atentados se tornaram menos frequentes.

O último ataque no metrô de Moscou aconteceu em 6 de fevereiro de 2004, entre as estações Avtozavodskaia e Pavelestakia, deixando 41 mortos e 250 feridos.

Nos últimos meses, as tropas russas intensificaram as operações militares contra rebeldes islâmicos no Cáucaso Norte e mataram vários dirigentes rebeldes.

A violência tem aumentados nas regiões do sul da Rússia --inclusive a Chechênia, cenário de duas guerras separatistas na década de 1990, e também nas republicas do Daguestão e da Inguchétia-- que formam o Norte do Cáucaso, onde os rebeldes tentam criar um Estado islâmico independente.

*Com informações das agências internacionais


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