Topo

Nova Constituição é aprovada na Síria com 89,4% dos votos, diz governo

Do UOL, em São Paulo

27/02/2012 12h14

A nova Constituição síria, que encerra a supremacia do Partido Baath, no governo há meio século, mas que mantém as grandes prerrogativas do chefe de Estado, foi aprovada com 89,4% dos votos, anunciou o ministro do Interior, Mohamad Nidal al-Shaar.

Este referendo, que teve participação de "8,37 milhões de eleitores, ou seja, 57,4% do corpo eleitoral", segundo o ministro, foi questionado pela oposição e criticado pelos países ocidentais.

A votação foi marcada por confrontos entre manifestantes e forças de segurança do regime sírio, que continuou nesta segunda-feira. A artilharia síria bombardeou áreas rebeldes de Homs. Mais foguetes e projéteis caíram em bairros sunitas de Homs, epicentro dos 11 meses de rebelião contra o regime de Bashar al Assad. "Um intenso bombardeio começou em Khalidiya, Ashira, Bayada, Baba Amro e na cidade velha ao amanhecer", disse o ativista de oposição Mohammed al Homsi, falando à Reuters por telefone.

"O Exército está atirando a partir das principais vias para dentro dos becos e ruas transversais. Relatos iniciais indicam que pelo menos duas pessoas morreram na área do 'souk' (mercado)."

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, disse que pelo menos sete pessoas foram mortas em Baba Amro. Os relatos de ativistas da oposição foram ecoados por outros observadores, inclusive da Cruz Vermelha.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que tem denunciado um contínuo agravamento da situação em partes de Homs, não conseguiu assegurar uma trégua que permitisse a retirada dos feridos e o envio de mantimentos aos civis.

"Ainda estamos em negociações. Desde o começo, o objetivo tem sido entrar, retirar as pessoas e levar assistência. Cada hora, cada dia faz diferença", disse Hicham Hassan, porta-voz da entidade, em Genebra.

A agência humanitária há dias mantém contatos com o governo e a oposição para tentar entrar em bairros sitiados, como Baba Amro, onde ativistas dizem que centenas de feridos precisam de tratamento, e milhares de civis enfrentam escassez de água, comida e suprimentos médicos.

Quatro jornalistas ocidentais estão retidos em Baba Amro, dois dos quais feridos. A repórter norte-americana Marie Colvin e o fotógrafo francês Remi Ochlik foram mortos lá em 22 de fevereiro e seus corpos ainda não foram retirados do país.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse esperar a rápida retirada dos jornalistas. "Está muito tenso, mas parece que as coisas começaram a avançar", disse. (Com EFE e Reuters)