Assad diz que apóia esforços 'sinceros' para resolver crise, mas só dialoga quando 'terrorismo' parar
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, afirmou neste sábado (10) durante uma reunião com o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, que está disposto a apoiar qualquer esforço "sincero" para pôr um ponto final à sangrenta crise no país, mas que não existe possibilidade de diálogo com a oposição enquanto "grupos armados terroristas" estiverem atuando na Síria.
"A Síria está preparada para apoiar qualquer esforço sincero destinado a encontrar uma solução" para a crise, disse Assad a Kofi Annan. Para depois completar: "Nenhum diálogo político ou atividade política pode dar certo enquanto houver grupos armados terroristas operando e espalhando caos e instabilidade."
Annan chegou a Damasco como emissário da ONU e da Liga Árabe para negociar um cessar-fogo, indicou a agência oficial síria de notícias Sana. Ele foi recebido pelo vice-ministro das Relações Exteriores da Síria, Faisal Mekdad, no aeroporto. O encontro entre o diplomata e o presidente durou mais de duas horas. Em seguida, Annan almoçou com o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid ad-Moallem.
Bombardeios pesados
A televisão estatal síria disse que o encontro entre Annan e Assad acontece em uma "atmosfera positiva", mas enquanto os líderes discutiam grupos de oposição disseram que novos conflitos e bombardeios foram registrados na cidade de Idlib, próximo à fronteira com a Turquia.
O grupo Observetório Sírio para Direitos Humanos disse que os bombardeios são os mais pesados desde a semana passada, quando um reforço do Exército chegou à região. Os ativistas acreditam que isso pode ser o prenúncio de um novo ataque terrestre, a exemplo do que aconteceu na cidade de Homs.
Um ativista em Idlib disse à agência de notícias Reuters que tanques do governo estão entrando na cidade. A agência AP noticiou que algumas famílias estavam deixando Idlib com seus pertences.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, informou ontem que Annan também irá encontrar-se com representantes da sociedade civil e que fará o mesmo com os líderes da oposição assim que deixar o país.
Vídeos amadores mostram destruição em Homs, na Síria
De acordo com Moon, a tarefa de Annan é obter um fim imediato da violência, tanto por forças do governo quanto por manifestantes da oposição. E, se um cessar-fogo de ambas as partes não for possível, a ONU pedirá que as tropas do governo parem de lutar primeiro, para que a oposição faça o mesmo na sequência.
Antes de seguir à Síria, o enviado especial fez uma escala de três dias no Cairo, onde manteve contatos com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el Araby, e o ministro das Relações Exteriores egípcio, Mohammed Amre.
Em entrevista coletiva na capital egípcia, Annan advertiu que uma hipotética intervenção militar na Síria pioraria a situação. "Acho que qualquer aumento das operações militares causaria uma deterioração da situação e a pioraria", avaliou Annan, que aposta na continuação dos esforços diplomáticos para deter a violência na Síria e alcançar uma solução negociada.
Enquanto isso, a violência continua no país, onde ontem morreram pelo menos 85 pessoas pela repressão das forças do regime de Assad.
Mais de 7.500 pessoas morreram na Síria nos mais de 11 meses de rebelião contra o regime, segundo dados da ONU, embora a oposição eleve esse número a 8,5 mil. (Com agências internacionais e BBC Brasil)
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