Graziano defende fim da regra de que as pessoas sem trabalho não devem comer
O diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, condenou ontem (30) a crença no princípio de que quem não trabalha não come. Segundo ele, essa regra vem da antiguidade romana e não pode persistir no século 21. Ele fez a crítica pouco depois de receber o título de doutor honoris causa da Universidade Técnica de Lisboa (UTL). Graziano reiterou que é "perfeitamente possível" erradicar a fome do mundo.
Relatório da FAO divulgado em maio informa que o desperdício de alimentos entre a produção e o consumo representa atinge cerca de 1,3 bilhão de toneladas por ano no mundo, o equivalente a um terço da produção alimentar para o consumo humano.
"O desperdício na mesa dos que estão em países de renda elevada, como os da Europa, os Estados Unidos e o Canadá, daria para alimentar mais cerca de 500 milhões de pessoas", disse o diretor-geral da FAO, lembrando que o número de pessoas com fome no mundo é estimado em 900 milhões.
“[Se forem superados] o desperdício e mais as perdas que existem, a produção de hoje seria suficiente para alimentar todos [os cidadãos do mundo]”, acrescentou.
Para o diretor-geral da FAO, a "vontade política" foi o diferencial do Programa Fome Zero. “A diferença foi a vontade política de fazer. É possível erradicar a fome e é preciso tê-la na agenda como prioridade política. O que o Brasil mostrou não foi só que é possível fazê-lo, porque disso já sabíamos, mas que é possível fazê-lo muito rapidamente", disse.
Graziano lamentou ainda os impactos da crise econômica internacional sobre o desenvolvimento social. "Espero que a União Europeia consiga superar este momento de dificuldade sem ter de cortar a ajuda humanitária, sobretudo, a ajuda ao desenvolvimento", apelou.
Ao participar também ontem do Congresso Mundial de Sociologia Rural, em Lisboa, o diretor-geral da FAO desafiou os acadêmicos para que busquem soluções que levem à melhoria da qualidade de vida no campo. "Um dos grandes desafios que enfrentamos hoje é usar o conhecimento acadêmico para entender e melhorar a vida das populações rurais em todo o mundo", disse. Para isso, acrescentou, “é preciso ver a realidade fora dos muros da universidade".
Segundo ele, para que mais pessoas possam desfrutar de uma dieta saudável baseada em alimentos frescos, “é preciso reduzir os custos de transporte e armazenamento, e os resíduos e a perda de alimentos". (Com Lusa)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.