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"Venezuela sem Chávez será como Argentina sem Perón", diz Mujica

O presidente do Uruguai, José Mujica, durante o funeral de Hugo Chávez - Juan Barreto/AFP Photo
O presidente do Uruguai, José Mujica, durante o funeral de Hugo Chávez Imagem: Juan Barreto/AFP Photo

Do UOL, em São Paulo

11/03/2013 11h57

Após a morte do presidente Hugo Chávez, a Venezuela vai viver um processo em que "o chavismo permanecerá um longo tempo", algo semelhante ao que aconteceu na Argentina depois da morte de Juan Domingo Perón (1895-1974), disse nesta segunda-feira (11), o presidente uruguaio, José Mujica, 77, ao jornal La República, publicou o venezuelano Últimas Notícias.

"O chavismo permanecerá por muito tempo pois essa corrente tem uma mística gigantesca", afirmou Mujica.

O presidente uruguaio, que acaba de voltar do funeral de Chávez, em Caracas, disse que "podemos discutir programas e ideias chavistas, mas é muito difícil discutir o místico".

Ele disse que agora irá iniciar o processo "chavista sem Chávez", algo semelhante "ao justicialismo na Argentina".

"O povo venezuelano está empenhado em defender o enorme progresso social", disse o chefe de Estado, sublinhando que viu na semana passada milhares de pessoas "chorando como crianças" e fazendo 14 horas de filas para se despedir de Chávez.

O mandatário defendeu que Chávez, com quem mantinha uma estreita relação, deixou uma sociedade "fortemente politizada" com um comovente sentido de "integração latino-americana.

Com relação ao Mercosul, o bloco regional que compreende a Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela -- Paraguai atualmente suspenso pela demissão no ano passado do presidente Fernando Lugo --, Mujica afirmou que "não vai ver mudanças fundamentais" após a morte de Chávez.

"Nada vai mudar neste sentido, porque a Venezuela precisa do Mercosul e o Mercosul precisa da Venezuela", afirmou Mujica.

Para Mujica, mesmo que o bloco regional tenha problemas, "tem que seguir trabalhando e aproximando tudo que podemos para a região porque o mundo tende a se organizar em blocos e não podemos ser a exceção", afirmou.

"Nesse novo mundo tem que ser forte e os mais fracos, para serem fortes, têm que se unir", completou o uruguaio.