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Dilma se encontra com papa após missa inaugural

Do UOL, em São Paulo

19/03/2013 08h25Atualizada em 19/03/2013 12h18

Após a missa inaugural do ministério petrino do papa Francisco, na manhã desta terça-feira (19), a presidente Dilma Rousseff teve a oportunidade de conversar por breves segundos com o pontífice.

Na conversa, a presidente aparentemente disse ser um prazer ter um papa que se dedique aos pobres.  Antes do encontro, Dilma disse que sua intenção era conversar com Francisco sobre o combate à pobreza e à fome no mundo.

Ela ressaltou ontem que o papa Francisco “tem um papel importante a cumprir”.“É uma postura importante”, disse ela, referindo-se à preocupação dele com os pobres. Em seguida, a presidenta acrescentou: “É claro que o mundo pede hoje além disso [da preocupação com os pobres] que as pessoas sejam compreendidas e que as opções diferenciadas das pessoas sejam compreendidas”.

Segundo o blog do jornalista Fernando Rodrigues, a visita de Dilma ao Vaticano, que inicialmente foi rejeitada pela própria presidente, atende a uma lógica de "marketing eleitoral". O artigo aponta a viagem como uma estratégia para atrair o eleitorado católico nas eleições de 2014. 

Outros cumprimentos

Além de Dilma, o pontífice recebeu pessoalmente as delegações de líderes políticos mundiais e religiosos que comparecerem à missa, entre eles, o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu 1º, que participa deste tipo de evento pela primeira vez na história.

A presidente Argentina, Cristina Kirchner, foi a primeira a cumprimentar o papa, seguida por outros líderes da América Latina, entre eles os presidentes do Chile, Sebastián Piñera, do Paraguai, Federico Franco, do Equador, Rafael Correa, e do México, Enrique Peña Nieto.

Da Europa, marcaram presença a chanceler alemã, Angela Merkel, pelo primeiro-ministro da França, Jean-Marc Ayrault, e o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy. A delegação da União Europeia foi representada ainda pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.

A missa também foi acompanhada pelos príncipes das Astúrias, Felipe e Letizia, e os da Holanda, Guilherme e Máxima, e de Mônaco, Albert 1º.

Entre os representantes de outras religiões, estavam ainda o metropolita (arcebispo) Hilarion, da Igreja Ortodoxa Russa, e o metropolita Amfilohje, da Igreja Ortodoxa Sérvia. O reverendo Olav Fykse Tveit, do Conselho Mundial de Igrejas, e representantes da Comunhão Anglicana, da Federação Luterana Mundial, da Aliança Mundial Evangélica, e de outras religiões prestigiaram o papa Francisco.

Também foram vistos na praça de São Pedro o rabino chefe de Roma, Riccardo Di Segni, o presidente da União de Comunidades Islâmicas da Itália, o imã Izzeddin Elzir, além de representantes budistas, sikh e hindus. 

O papa Francisco demorou cerca de uma hora e meia para cumprimentar as 132 delegações estrangeiras que compareceram ao Vaticano. Ao fim das saudações, Francisco passou um dedo pela testa, em sinal de esforço por uma missão cumprida.  (* Com Agência Brasil e agências internacionais)

Audiência privada com Cristina

Apesar da relação turbulenta dos últimos anos, principalmente após a aprovação das leis sobre o aborto e o casamento homossexual na Argentina, o papa Francisco recebeu ontem (18) a presidente Cristina Kirchner, a primeira chefe de Estado a se encontrar com o novo pontífice após a eleição dele, que também é argentino.

"Nunca na minha vida um papa tinha me beijado", disse a presidente à agência de notícias argentina "Télam", ao final do encontro na Casa Santa Marta, no Vaticano, que durou de 15 a 20 minutos. Em seguida, Francisco e Cristina almoçaram juntos.

Durante o encontro, Cristina disse ter pedido ao pontífice intervenção na questão das ilhas Malvinas. "Pedimos que Francisco interceda para que o Reino Unido e a Argentina possam chegar a um acordo sobre a soberania das ilhas Malvinas", relatou ela, que lembrou que o papa João Paulo 2º também agiu como mediador entre o Chile e a Argentina em um conflito territorial, em 1978. 

O tema, como apontou Cristina, tem muito sentido "para os argentinos". As disputas diplomáticas entre Londres e Buenos Aires têm aumentado nos últimos meses, com o Reino Unido resistindo aos apelos de Cristina Kirchner de renegociar a soberania das ilhas, que ficam à 500 quilômetros do oeste da Argentina. 

Em retribuição à visita, a presidente argentina deu ao papa um kit para tomar mate, com cuia, garrafa térmica e açucareiro. Já o pontífice a entregou uma majólica com a imagem da Basílica de São Pedro.