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"Norte-coreanos querem guerra para escapar da realidade", diz ativista

Do UOL, em São Paulo

03/04/2013 11h42Atualizada em 03/04/2013 12h26

A população da Coreia do Norte quer que uma guerra ocorra para unificar o país com o Sul e para escapar das dificuldades diárias de suas vidas. É o que acha o ativista Kim Seong Min, que administra, da Coreia do Sul, a rádio Free North Korea.

Em entrevista ao canal de televisão CNN, Min contou que fala diariamente com várias fontes na Coreia do Norte por meio de telefones celulares chineses contrabandeados pela fronteira. 

Para combater o regime do país vizinho, o ativista usa sua rádio para transmitir propaganda anticomunista por ondas curtas.

“Os norte-coreanos não recebem nenhum tipo de informação do exterior. Eles acham que, em caso de guerra, a Coreia do Norte vencerá”, contou.

Para Min, o aumento de agressividade do governo norte-coreano é resultado da frágil liderança de Kim Jong-un.

“Kim Jong-un não tem nem 30 anos de idade e todos na Coreia do Norte sabem disso. Ele também não tem uma posição sólida no Exército. Os norte-coreanos não sabem ainda lidar com o fato de que seu líder é tão novo”, disse. 

Min nasceu em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, e serviu por dez anos no Exército do país. Chegou também a trabalhar no departamento de propaganda do regime. Em 1997, decidiu fugir para a China. O ativista chegou em Seul, capital da Coreia do Sul, em 1999 e, desde então, luta pela democratização de seu país natal.


Kaesong

A Coreia do Norte impediu na manhã desta quarta-feira (3) que trabalhadores sul-coreanos entrassem no complexo industrial de Kaesong, único projeto de cooperação entre os dois países e localizado em território norte-coreano. 

"A Coreia do Norte não deu sua permissão, como faz diariamente, para que 484 trabalhadores sul-coreanos entrassem em Kaesong hoje", disse o porta-voz do ministério sul-coreano da Unificação, Kim Hyung-suk.

"O Norte nos informou esta manhã que estão autorizadas apenas as viagens de regresso de Kaesong e que o ingresso no complexo foi proibido", revelou o porta-voz.

Pyongyang não precisou a duração da medida, disse Kim, que qualificou a decisão de "muito lamentável".

Kim destacou que a prioridade do governo em Seul é a segurança dos 861 sul-coreanos que estão em Kaesong. "Esperamos que nossa gente que está no Norte volte sã e salva".

Mais tarde, a Coreia do Norte confirmou que não autorizará a entrada de funcionários da Coreia do Sul no complexo, mas permitirá a saída dos que lá permanecem. 

Situado no sudeste da Coreia do Norte, a poucos quilômetros da fronteira intercoreana, o complexo industrial de Kaesong emprega cerca de 54 mil operários norte-coreanos que fabricam diversos produtos para 123 empresas da Coreia do Sul, e a cada dia entram nele centenas de empregados e diretores sul-coreanos. (Com AFP)