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Vários Alans morrem na praia, diz pai de menino símbolo de crise na Europa

Abdullah Kurdi visita os túmulos da família duas vezes por dia em Kobane, na Síria - Murad Sezer/Reuters
Abdullah Kurdi visita os túmulos da família duas vezes por dia em Kobane, na Síria Imagem: Murad Sezer/Reuters

Do UOL, em São Paulo

01/11/2015 22h57

Em entrevista exibida pelo programa “Fantástico”, da “TV Globo”, o curdo Abdullah Kurdi afirmou que a tragédia com sua família não teria acontecido se o mundo abrisse as portas para os refugiados. Kurdi era o pai do menino Alan, cuja imagem, de bruços em uma praia da Grécia, se tornou um símbolo da atual crise de refugiados. “Todo dia tem vários Alans que morrem na praia tentando chegar à Europa", declarou.

Kurdi perdeu a mulher e os dois filhos em um naufrágio na travessia da Turquia para Grécia, há dois meses. A família havia deixado a cidade de Kobane, devastada pela guerra civil na Síria. “A morte do meu filho serviu para abrir os olhos e o coração do mundo para o problema dos refugiados”, disse Kurdi na entrevista.

Refugiados que deixam países em crise ou guerra permanecem atravessando fronteiras para chegar à Europa. Estima-se que mais de 500 mil pessoas passaram pela Grécia rumo ao norte e ao centro do continente desde o começo do ano. Os naufrágios na travessia marítima são constantes.

Onze pessoas, incluindo seis crianças, morreram neste domingo (1º) em um naufrágio no mar Egeu. Na sexta-feira (30), pelo menos dez pessoas se afogaram em outro caso. Uma embarcação com 50 refugiados afundou na quinta-feira (29).

Kurdi afirmou que a família tentou cruzar duas vezes o mar Egeu. Na primeira, o barco ficou à deriva. Na segunda, o mar estava agitado, e o piloto abandonou a embarcação. Segundo Kurdi, o barco estava superlotado e virou. O corpo de Alan foi encontrado na praia de Bodrum, na Turquia.

Kurdi disse sentir tristeza e saudade, mas não arrependimento porque a família buscava uma vida melhor. Ele afirmou ter pesadelos todos os dias com a tragédia.