PF: militares estudaram caso Marielle para plano golpista não ser rastreado

A PF encontrou documentos que revelam que suspeitos de envolvimento no plano de assassinar Lula, Alckmin e Moraes estudaram o caso Marielle Franco para tentar driblar o rastreamento de localização e mensagens sobre a trama golpista.

O que aconteceu

Documento chamado "Aposta_Anonimização.pdf" foi achado no celular de um militar e traz análise sobre a investigação do caso. De acordo com a PF, trecho desse documento faz "menção clara" de que houve rastreamento de antenas de celular para ajudar na elucidação do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes.

"Conforme exposto na IPJ, este documento apresenta uma análise circunstancial sobre a investigação do caso MARIELLE FRANCO. Em trecho do documento, pelo que os analistas observaram, há menção clara de que no referido caso houve a utilização de antenas de celular para ajudar na elucidação do mencionado crime."
Trecho de representação da Polícia Federal encaminhado ao ministro do STF, Alexandre de Moraes

"Um exemplo bastante conhecido da utilização dessas técnicas ocorreu na elucidação no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco. Apesar de não se tratar de crime cibernético propriamente dito, dá para se ter uma ideia aqui de como se deram as investigações para chegar até os assassinos, principalmente porque nas fases anteriores ao crime houve uso de celular e pesquisas na internet que serviram de pista e de provas para a condenação dos assassinos."
Trecho do documento apreendido pela PF mostra que suspeitos de plano golpista analisaram caso Marielle

Suspeitos usaram "técnicas avançadas de anonimização" no planejamento do crime. De acordo com a PF, medidas do tipo são previstas "na doutrina das Forças Especiais do Exército que possui como finalidade não permitir a identificação do verdadeiro usuário" daquele número de telefone.

Suspeitos utilizaram celulares de outras pessoas para articular golpe, segundo investigadores. Com telefones no nome de terceiros, eles criaram um grupo no Signal chamado "Copa 2022" para planejar um golpe contra o resultado da última eleição presidencial, que incluiria o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

PF afirma que suspeitos usaram técnica chamada de "telefone frio". A medida consiste em descrever telefones e aparelhos que são comprados e cadastrados com dados de terceiros, "com finalidade de dificultar ou impedir qualquer tipo de identificação dos seus reais usuários".

Com planejamento, coordenação e execução típicos de uma operação militar especial, as ações demonstram um detalhado plano de atuação que envolve técnicas de anonimização, monitoramento clandestino e emprego ilícito de recursos públicos. A engenharia de execução do evento "copa 2022" indica que os envolvidos buscaram total anonimização para, com isso, furtar-se de qualquer responsabilidade subsequente das condutas gravemente praticadas.
Trecho de relatório enviado ao STF pela Polícia Federal

PF prendeu preventivamente na manhã desta terça-feira cinco pessoas suspeitas de envolvimento no plano golpista. São quatro militares dos chamados "kids pretos", as Forças Especiais do Exército, e um policial federal, que teriam planejado atentar contra o resultado das eleições de 2022.

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Os militares presos são Hélio Ferreira Lima, Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Também é alvo Wladimir Matos Soares, policial federal. O ministro Moraes derrubou o sigilo da decisão que determinou a operação da PF.

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