'Estou governando e mais forte que nunca', diz Maduro em pronunciamento
De Caracas, diante de uma plateia de apoiadores, Nicolás Maduro afirmou "estar governando" e "mais forte do que nunca". O pronunciamento acontece enquanto a oposição do país, apoiada por Colômbia, Brasil e Estados Unidos, tentam passar pelas fronteiras da Venezuela caminhões com ajuda humanitária.
"Aqui não manda [o presidente americano Donald] Trump, não manda [o presidente colombiano Ivan] Duque", disse Maduro. "E onde estão as supostas eleições, se há supostamente um presidente interino?", questionou retoricamente, referindo-se a Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente da Venezuela e recebeu o apoio de dezenas de países, entre eles o Brasil.
Um mês após ter se declarado presidente interino, Guaidó deveria ter convocado novas eleições, mas isso ainda não aconteceu. Maduro desafiou o opositor e disse que não sabem o que fazer agora. "O golpe fracassou. A vitória nos pertence."
Ainda em seu discurso, após declarar amor ao povo colombiano, Maduro rompeu relações diplomáticas com o vizinho e deu o prazo de 24 horas para que os representantes diplomáticos da Colômbia deixem a Venezuela. O chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo, ordenou que seus diplomatas retornem ao país: "A fim de preservar a vida e integridade dos funcionários colombianos, sua viagem à Colômbia se dará o mais rápido possível".
Na quinta-feira (21), Maduro ordenou o fechamento das fronteiras do país com Colômbia e Brasil, a fim de evitar o envio de ajuda humanitária anunciada pela oposição. O ditador venezuelano vê o auxílio como interferência externa na Venezuela. No pronunciamento de hoje, ele afirmou que irá comprar todo o mantimento enviado ao país por seus vizinhos.
"Estamos dispostos a comprar todo o leite em pó, toda a carne. Não somos mal pagadores, somos gente honrada. Querem trazer caminhões de arroz? Eu compro. O que parece a vocês? Tudo dentro da Constituição. Fora da Constituição, nada", afirmou.
Durante todo o dia, a região esteve sob tensão. Manifestantes próximos as fronteiras queimaram ônibus. Em contrapartida, as Forças Armadas do país reagiram com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Não se sabe por ora se houve mortes ou feridos.
Ontem, ao menos duas pessoas morreram e ao menos outras 15 ficaram feridas durante confrontos com forças de segurança venezuelanas na fronteira com o Brasil. Militares abriram fogo contra um grupo de civis que tentava ajudar a manter a fronteira da Venezuela com o Brasil aberta. Segundo opositores, os mortos são da comunidade indígena Kumaracapay. A Venezuela, porém, nega que as forças do governo tenham entrado em confronto com indígenas.
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