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Rio+20: Saúde e educação são as recomendações para acabar com pobreza

Matheus Lombardi

Do UOL, no Rio

16/06/2012 22h07Atualizada em 16/06/2012 22h26

Encontrar soluções para acabar com a pobreza de mais de 1 bilhão de pessoas, que vivem com menos de US$ 2 por dia foi o objetivo do terceiro painel de Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, que definirá as recomendações da sociedade civil para os chefes de Estado que participarão da Rio+20.

Entre as propostas aprovadas estão a promoção da educação em nível global, assegurar cobertura de saúde universal e garantir a igualdade social.

As críticas ao capitalismo e a forma de consumo atual, considerada insustentável, dominaram os discursos da noite. Para o professor da Universidade de Coimbra, Boaventura de Souza Santos, a sociedade colhe hoje os frutos de décadas de fracasso no combate à pobreza.

"Nunca teremos desenvolvimento sustentável enquanto acreditarmos em padrões de consumo que são insustentáveis. O mercado não pode ser a nossa única maneira de nos relacionarmos com a natureza. Os problemas que o capitalismo cria não podem ser resolvidos com mais capitalismo", disse.

Menina prodígia da ECO92

Severn Suzuki acredita que podemos ter um futuro melhor com menos pobreza.

"Eu preciso acreditar que vamos progredir, transformando nossa sociedade num jeito de viver mais sustentável. O que estamos de fato buscando é defender nossos filhos para o futuro. Não podemos valorizar o planeta apenas pelo lado do dinheiro", afirmou. 

Suzuki, que com 12 anos calou líderes durante a ECO92 durante um discurso, prega uma visão de mundo menos capitalista. "Não podemos valorizar o planeta apenas pelo lado do dinheiro. O que estamos perpetuando hoje é um crime contra o futuro", declarou.

Em 2050, cerca de 3 bilhões de pessoas estarão passando fome no planeta, segundo estimativas da ONU.

"O homem branco nos fez pobre"

O líder indígena Marcos Terena afirmou que o homem branco fez dos índios pessoas pobres e dependentes de um meio de vida insustentável.

"Hoje, o índio precisa da luz elétrica. A luz chegou nas aldeias e afastou o espirito das florestas, criou uma dependência, como vamos pagar a luz se não temos capital de giro?"

Entenda

Os "Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável" foram propostos pelo governo brasileiro para anteceder a Rio+20. Até o dia 19 de junho, no Riocentro, Rio de Janeiro, representantes da academia e também de movimentos sociais, setor privado e a população em geral se reúnem para debater temas centrais da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável e fazer recomendações para os chefes de Estado.

As discussões irão partir de 10 recomendações saídas da plataforma online Diálogos do Rio sobre os temas: oceanos; água; segurança alimentar e nutricional; desenvolvimento sustentável para o combate à pobreza; desenvolvimento sustentável como resposta às crises econômica e financeira; energia sustentável para todos; a economia do desenvolvimento sustentável, incluindo padrões sustentável de produção e consumo; cidades sustentáveis e inovação; desemprego, trabalho decente e migrações; e florestas.

No final, serão escolhidas três por tema para serem encaminhadas aos Chefes de Estado na Rio+20, que acontece de 20 a 22 de junho.