Brasil tem lugar para extrativismo e agronegócio, diz Marina na COP29

O Brasil tem lugar para o desenvolvimento do agronegócio e do extrativismo desde que esses setores preservem o meio ambiente, afirmou a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) nesta terça (12) na abertura do Pavilhão Brasil na COP29, a Conferência do Clima da ONU, que neste ano acontece no Azerbaijão.

O que aconteceu

Setores criticados por ambientalistas podem se desenvolver no Brasil desde preservem a natureza, disse Marina. "Um país com 8 milhões km² tem lugar para os indígenas, tem lugar para os extrativistas, tem lugar para o agronegócio, tem lugar para a indústria, tem lugar para todos, desde que sejamos sustentáveis", afirmou

Marina já havia acenado a setores considerados vilões do meio ambiente. Em outubro, ela disse ser "maior amiga" do agronegócio responsável. "Em relação a essa questão de ser inimiga [do agronegócio], eu nem sei de onde vem isso. Eu me considero a maior amiga do verdadeiro agronegócio", disse ela em audiência da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

Marina também pediu financiamento para que países como o Brasil cuidem do meio ambiente. Sem financiamento, afirmou, "o que anunciamos serão apenas enunciados". "O que aconteceu no Brasil no Rio Grande do Sul, na Amazônia com as secas (...), o que aconteceu na Espanha [tempestades] e em várias regiões no mundo com ondas de calor avassaladoras, é uma demonstração de que não temos mais como adiar a adaptação e mitigação."

Vice-presidente Geraldo Alckmin comemorou conquistas do governo no combate ao desmatamento. "[Quero] dar os parabéns à ministra Marina porque reduziu 45,7% o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, que aumentava havia cinco anos, e este ano caiu 25%", afirmou ele após fala de Marina na abertuta da Pavilhão do Brasil na COP29.

Ambientalistas alertam para o aumento da área de pastagem na Amazônia. O crescimento foi de 363% em 39 anos na região, segundo o MapBiomas, iniciativa multi-institucional de universidades, ONGs e empresas de tecnologia. O problema é atribuído sobretudo ao agro ilegal — enquanto o extrativismo sem licenças ambientais retira recursos naturais, como árvores e minérios, até mesmo em terras indígenas.

Tem outro aspecto que precisa ser considerado: a transformação dos nossos modelos de desenvolvimento. (...) Chegamos aqui [na COP] com um plano de desenvolvimento ecológico.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente

O Brasil é o grande protagonista do debate de combate às mudanças climáticas. Temos a maior floresta do mundo, a energia elétrica mais limpa do mundo. Temos o melhor biodiesel do mundo.
Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços

Desmatamento cresceu em julho

O desmatamento na Amazônia em julho, no entanto, aumentou. Embora de fato tenha caído 45,7% no acumulado de 12 meses terminado em agosto último, o desmatamento na floresta teve alta de 33,2% em julho em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

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Pela primeira vez desde 2019, o Brasil registrou queda no desmatamento do Cerrado. Foram desmatados de agosto de 2023 a julho de 2024, 8.174 km² no bioma, redução de 25,7% em relação a 2023, quando o desmate foi de 11.002 km² no mesmo período, segundo o Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite).

Seca aumenta no Pantanal

O Pantanal brasileiro está alagando uma área cada vez menor e ficando seco por períodos cada vez maiores no ano. A constatação faz parte do mapeamento anual de cobertura e uso da terra do Pantanal, produzido e divulgado pela rede de pesquisas MapBiomas nesta terça-feira (12).

Em 2023, o Pantanal teve uma área alagada de 3,3 milhões de hectares, 38% a menos que em 2018. Aquele ano ocorreu a última grande cheia do bioma, cobrindo 5,4 milhões de hectares. Se comparada a 1988, quando as áreas alagadas ocupavam 6,9 milhões de hectares, a redução foi ainda maior, de 61%, informa coluna de hoje de Carlos Madeiro.

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