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Entrada de Marina na disputa torna segundo turno mais provável

Especial para o UOL

13/08/2014 16h56

A morte de Eduardo Campos, candidato à Presidência, representa uma grande perda para a política brasileira. Em um país no qual o sistema político tem tido pouca renovação desde 1994, com dois partidos principais (PT e PSDB) se revezando no Planalto e dois líderes principais (Lula e FHC) organizando a agenda do sistema político, Eduardo Campos significava renovação.

Sua trajetória exitosa como governador de Pernambuco - período durante o qual a economia do Estado deslanchou fortemente - e sua forte identificação com as políticas sociais implementadas desde 2003 o colocavam em uma posição singular neste processo eleitoral que se inicia. Torna-se inevitável discutir de que modo a morte precoce do candidato do PSB afeta a disputa eleitoral.

Vale a pena responder esta questão a partir do desenho de um dos cenários possíveis. Neste primeiro cenário, caberia à ex-ministra Marina Silva assumir a candidatura do PSB à Presidência. Nesta situação, ficará fortemente afetada, em um primeiro momento, a oposição à atual presidente Dilma Rousseff.

Marina Silva sempre esteve melhor colocada nas pesquisas de intenção de votos do que Eduardo Campos, ainda que seja possível explicar esse fenômeno devido ao maior conhecimento do eleitor: Marina foi ministra e candidata a presidente. No entanto, a associação entre a consternação com a morte de Campos e o maior “recall” provavelmente irá alavancá-la nas pesquisas de intenção de voto, caso o PSB decida por sua candidatura.

Tal fato irá, provavelmente, implicar em uma mudança de estratégia na oposição. No quadro eleitoral mostrado pelas últimas pesquisas, a intenção de voto de Aécio Neves se estabilizou em torno de 23% (pesquisa Ibope divulgada no dia 07/08), ao mesmo tempo que a intenção de votos em Campos se estabilizava abaixo de 10%.

É verdade que a intenção de voto em Marina Silva tem variado muito, principalmente desde que ela entrou para o PSB. Ainda assim, é licito supor que a intenção de votar em Marina se situará acima da de Campos, se as pesquisas anteriores nos servirem como base de avaliação. O primeiro impacto da candidatura Marina Silva será acirrar o debate político no campo da oposição, pelo menos no primeiro turno da eleição.

Mas é possível se pensar em um segundo turno mais provável neste reordenamento das candidaturas que se seguirá à morte de Campos. Se as intenções de voto em Marina Silva eram maiores que as de Campos, é possível supor que a entrada de Marina na corrida eleitoral aumente as chances de um segundo turno.

Neste segundo turno, as situações de Dilma e Aécio parecem mudar. De um lado, caso o ex-governador de Minas vá para o segundo turno, ele enfrentará de forma ainda mais aguda um dilema que já existia no caso de Eduardo Campos: a perspectiva de uma divisão do eleitorado de oposição.

No caso de Marina, o eleitorado - que é ambientalista e conta com presença expressiva de atores de movimentos sociais - não tem uma forte identidade com Aécio. Mas caso Marina vá para um segundo turno contra Dilma, esta poderá enfrentar uma adversária muito difícil.

Marina contará com um amplo apoio de toda a oposição e transitará relativamente bem entre os grupos que historicamente têm apoiado as candidaturas do PT. Este é apenas um dos cenários possíveis, já que nem a candidatura Marina Silva nem outra candidatura do PSB estão asseguradas neste momento de incerteza política aberta pela morte precoce de um dos políticos mais promissores da história recente do país.

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