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5 riscos e 5 fatos que fazem de agosto o mês do desgosto para os políticos

Cunha e Dilma sentem o desgosto que Jânio Quadros e Getúlio Vargas provaram - Arte/UOL
Cunha e Dilma sentem o desgosto que Jânio Quadros e Getúlio Vargas provaram Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

04/08/2015 06h00

Agosto, mês do desgosto. O oitavo mês do ano reserva histórias de amargar na política brasileira. Em 1954, Getúlio Vargas se matou. Em 1961, Jânio Quadros renunciou. Em 2015, o clima esquenta outra vez. A presidente Dilma Rousseff (PT) e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), estão na berlinda.

Dilma terá um mês difícil e decisivo. O TCU (Tribunal de Contas da União) deve concluir o julgamento das contas de 2014 da gestão. O ministro Augusto Nardes, relator do parecer sobre as contas, apontou irregularidades como as “pedaladas fiscais”, que seriam manobras para simular uma situação contábil melhor que a real. Em caso de rejeição das contas, o papel de Dilma será julgado pelo Congresso. Opositores querem fazer da eventual reprovação o pontapé inicial para o processo de impeachment da presidente.

No TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ações da oposição contra as contas da presidente na campanha eleitoral de 2014 também devem ser julgadas neste mês. O PSDB acusa a campanha petista de usar dinheiro proveniente de corrupção.

O Congresso pode ser outro obstáculo para Dilma. Após a volta do recesso de julho, senadores e deputados federais podem colocar em votação pautas que aumentam os gastos do governo e impor novas derrotas à petista.

Além disso, movimentos contrários à presidente prometem realizar manifestações no país no dia 16.

Não é só Dilma que enfrenta turbulências neste mês. A operação Lava Jato vem respingando em políticos como Eduardo Cunha e pode produzir novos efeitos em agosto. Cunha e o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) correm o risco de serem denunciados nas próximas semanas. 

Em julho, veio à tona a acusação do lobista Julio Camargo, que afirmou ter pagado US$ 5 milhões em propina a Cunha. A advogada Beatriz Catta Preta, que representava Camargo, acusou aliados de Cunha na CPI da Petrobras de tentar intimidá-la. Acusação similar à feita pelo doleiro Alberto Youssef. Deputados federais, inclusive do próprio PMDB, já pediram a saída do peemedebista da presidência da Câmara.

Preso nesta segunda-feira (3), o ex-ministro José Dirceu foi o primeiro político a sentir o dissabor no mês atual.

Riscos de desgosto neste agosto

  • Jorge William/Agência O Globo

    As "pedaladas fiscais"

    O TCU deve concluir o julgamento das contas de 2014 do governo Dilma. Responsável pelo parecer, o ministro Augusto Nardes apontou problemas como as "pedaladas fiscais", manobras para simular uma situação contábil melhor que a real. Em caso de rejeição das contas pelo tribunal, a responsabilidade de Dilma será julgada pelo Congresso. Opositores da petista entendem que a rejeição das contas pode levar a um processo de impeachment. Leia mais

  • Fernando Teixeira/Futura Press/Estadão Conteúdo

    As contas da campanha

    O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deve julgar ações da oposição contra as contas da presidente na campanha eleitoral de 2014. O PSDB acusa a campanha petista de usar dinheiro proveniente de corrupção. Leia mais

  • André Dusek/Estadão Conteúdo

    Pauta-bomba

    Após a volta do recesso de julho, senadores e deputados federais podem impor novas derrotas ao governo, que tenta aprovar as medidas do ajuste fiscal. Outro risco para a presidente Dilma é a aprovação de medidas que aumentem as despesas da União. Novas CPIs também podem incomodar o governo. Para tentar desarmar as bombas, a petista se reuniu com governadores na semana passada e com parlamentares aliados nessa segunda-feira (3). Leia mais

  • Peu Ricardo/Frame/Estadão Conteúdo

    Protestos

    Movimentos que organizaram protestos contra a presidente Dilma Rousseff em 15 de março prometem voltar às ruas do país em 16 de agosto. A petista deve ser o alvo principal das manifestações. O PSDB decidiu apoiar os atos. Leia mais

  • Pedro Ladeira/Folhapress

    Lava Jato

    A operação Lava Jato vem respingando em partidos e políticos. O ex-ministro José Dirceu foi o primeiro grande alvo da operação em agosto. Políticos como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) também estão na berlinda. Os dois podem ser denunciados pelos comandantes da operação neste mês. Leia mais

Desgostos de agosto na história

  • Arte UOL

    O suicídio de Getúlio Vargas

    Vargas chegou ao poder pela Revolução de 1930 e governou o país por 15 anos, boa parte do período via ditadura. Em 1951, voltou à presidência pelo voto popular. Pressionado pela oposição e por setores das Forças Armadas durante uma grave crise política, Vargas se matou com um tiro no peito no palácio do Catete, no Rio, em 24 de agosto de 1954. Leia mais

  • Arte UOL

    A renúncia de Jânio Quadros

    Eleito presidente em 1960, Jânio Quadros teve um mandato curto, de apenas sete meses. As medidas que tomou desagradaram os próprios aliados. Com a base de apoio deteriorada, ele renunciou ao cargo em 25 de agosto de 1961. Leia mais

  • Domínio público

    O derrame de Costa e Silva

    O general Artur da Costa e Silva foi o segundo a presidir o país na ditadura militar. Chegou à presidência em 1967 e foi o responsável pela institucionalização da ditadura, com o fechamento do Congresso e a edição do AI-5 (Ato Institucional nº 5), que suspendeu as liberdades democráticas e os direitos constitucionais. Em agosto de 1969, sofreu um derrame e ficou impossibilitado de permanecer no cargo. Os militares formaram uma junta para substitui-lo temporariamente. Costa e Silva morreu em dezembro daquele ano. Antes disso, em outubro, o general Emílio Garrastazu Médici foi designado presidente. Leia mais

  • Eder Chiodetto / Folhapress - 18.09.1992

    O "Fora Collor"

    Eleito presidente em 1989 pelo PRN, Fernando Collor assumiu o cargo em 1990 e viu sua popularidade despencar. Atolado em uma crise política, cercado por denúncias e pressionado por uma CPI, Collor começou a ser alvo de protestos nas ruas em agosto de 1992. No dia 13 daquele ano, ele pediu que o povo fosse às ruas no domingo seguinte, dia 16, vestindo verde e amarelo para apoioá-lo. Acabou provocando mais protestos contra ele e o crescimento da campanha "Fora Collor". A pressão aumentou, e o Congresso aprovou seu impeachment no mês seguinte. Leia mais

  • Reprodução/TV Globo

    O acidente de Eduardo Campos

    Ministro durante o governo Lula e governador de Pernambuco por dois mandatos, Eduardo Campos despontou como nova liderança política e lançou-se candidato a presidente em 2014. Logo após gravar os primeiros programas de TV e rádio, Campos morreu em um acidente aéreo em Santos, no litoral paulista, na manhã de 13 de agosto do ano passado. Os dois pilotos e quatro colaboradores da campanha também morreram. Eles vinham do Rio de Janeiro. Campos aparecia em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto e foi substituído pela ex-senadora Marina Silva na chapa do PSB. Leia mais