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Grampos telefônicos revelam conversas suspeitas entre Protógenes Queiroz e aliado de Cachoeira, diz jornal

Delegado licenciado da PF, Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) pediu CPI do caso Cachoeira - Lula Marques / Folha Imagem
Delegado licenciado da PF, Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) pediu CPI do caso Cachoeira Imagem: Lula Marques / Folha Imagem

Do UOL, em São Paulo

11/04/2012 10h09Atualizada em 11/04/2012 13h00

Grampos telefônicos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, identificaram conversas suspeitas entre o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) e Idalberto Marias Araújo, o Dadá, apontado como um dos integrantes mais ativos do esquema do bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira. As informações estão em reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo” desta quarta-feira (11).

É do parlamentar a autoria de um requerimento para instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a relação entre o bicheiro --preso pela Monte Carlo desde 29 de fevereiro deste ano --e políticos, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).

Segundo a reportagem, Dadá esteve a serviço de Protógenes durante a Operação Satiagraha, chefiada pelo parlamentar quando ele ainda era delegado da PF. Nas conversas divulgadas pelo jornal, Dadá é orientado pelo delegado (atualmente licenciado) a dificultar a investigação da corregedoria da PF sobre supostos desvios no comando da Satiagraha. Á época, o banqueiro Daniel Dantas acabou preso na operação.

Em uma das gravações, feitas em ligação para o celular do deputado, ele orienta Dadá a só falar em juízo e a não aparecer ao lado dele em público --tanto que os encontros entre eles são marcados para locais distantes do hotel onde Protógenes mora, como aeroportos e postos de gasolina.

Parlamentar não reconhece a voz em gravação

Em comunicado divulgado pela assessoria e postado na página do deputado no Facebook, Protógenes disse desconhecer os áudios publicados pelo jornal e afirmou que material está “completamente fora do contexto do caso ‘Cachoeira’”.

O parlamentar ainda frisou que Dadá era sargento do Serviço de Inteligência da Aeronáutica, condição pela qual foi o “oficial de ligação daquele órgão com o a Diretoria de Inteligência da Polícia Federal”, onde o então delegado era lotado.

Em entrevista hoje à Rádio Estadão/ESPN, o deputado reforçou por mais de uma ocasião não ter envolvimento ou “relação direta ou indireta” com o bicheiro ou o sistema de contravenção investigado e disse que, se Dadá tem alguma responsabilidade no caso, “tem que ser punido pelas faltas”.

Durante a entrevista, os repórteres da rádio puseram trechos dos grampos que a PF identifica como sendo entre Dadá e Protógenes. Depois de ouvi-los, o parlamentar negou reconhecer, neles, a própria voz. “Enquanto não tiver acesso aos autos, não reconheço”, definiu.

Em seu perfil no Twitter, o delegado licenciado reagiu à reportagem do jornal. “O PIG-Estadão-e o sistema do banqueiro bandido DD voltam atacar. Não tenho qq ligação com esquema Cachoeira. #CPIdaCachoeira Já!”, escreveu, valendo-se das iniciais de Daniel Dantas e da expressão usada por blogueiros que caracterizam como “Partido da Imprensa Golpista” veículos que eles próprios julgam tendenciosos na oposição ao governo federal.

CPI

O pedido de abertura de CPI na Câmara feita por Protógenes foi entregue no último dia 20 de março, com 181 assinaturas, e é paralelo ao pedido de uma CPI no Congresso para investigar “com abrangência” o envolvimento de parlamentares com Cachoeira. As duas Casas anunciaram ontem (10) a criação da comissão depois de reunião entre o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Ambos se disseram favoráveis à criação da CPI única.