Topo

PF liga assessor de Iris Rezende a esquema de lavagem de dinheiro do grupo de Cachoeira

O candidato ao governo de Goiás, Íris Rezende, vota em Goiânia em 2010 - Agência Brasil
O candidato ao governo de Goiás, Íris Rezende, vota em Goiânia em 2010 Imagem: Agência Brasil

Lourdes Souza

Do UOL, em Goiânia

03/08/2012 13h14

Relatório da Polícia Federal (PF) identificou um auxiliar do ex-governador de Goiás e ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), como beneficiário do esquema de lavagem de dinheiro do grupo de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Segundo a denúncia, R$ 2 milhões teriam sido repassados pelo grupo a Sodino Vieira de Carvalho, coordenador das campanhas de Iris Rezende em 2008 e 2010.

No esquema, o dinheiro era transferido do exterior para o Brasil em conas em nome de empresas e pessoas da quadrilha. Conforme denúncia divulgada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, nessa quinta-feira (2), os R$ 2 milhões foram depositados a pedido do ex-jogador de futebol e corretor Alex Antônio Trindade de Oliveira, amigo do assessor de Cachoeira, Gleyb Ferreira da Cruz.

Segundo a PF, o valor foi remetido no início deste ano num esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas coordenado por Gleyb.  A polícia descobriu as transações ao analisar os e-mails em que Gleyb combinava os repasses.  Há mensagens em que Alex Antônio indicou as contas de Sodino e de três filhos dele para que os depósitos fossem feitos.

A denúncia fez com que o líder do PSDB na Assembleia Legislativa, deputado estadual Túlio Isac, apresentasse um requerimento para convocar Sodino a prestar esclarecimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga as relações da Delta Construções com prefeituras goianas, e quebrar seus sigilos.

Outro lado

Sodino, que foi o principal doador de campanha de Iris Rezende, nas eleições para o governo de Goiás em 2010, negou qualquer envolvimento com o grupo e disse estar aberto para investigações. Ele afirmou nunca ter recebido nenhum centavo do esquema de Cachoeira.

De acordo com Sodino, os contatos com Alex Antônio aconteceram quando ele foi procurado para a venda de um imóvel, mas a operação não se concretizou.  A negociação foi confirmada por Alex, que disse ter repassado as contas de Sodino para Gley na tentativa de efetuar a compra de uma fazenda, em Santa Cruz de Goiás.

A propriedade é de Sodino em sociedade com dois filhos. Um dos filhos, o arquiteto Sandro Silva Carvalho, participou da elaboração do projeto do viaduto João Alves de Queiroz, nas avenidas T-63 e 85, em Goiânia, cuja obra foi executada pela Delta Construções.

Cachoeira

A CPI da Assembleia foi retomada na quinta-feira, 2, e aguarda para o próximo dia 8 o depoimento de Carlos Cachoeira. A Justiça Federal de Goiás e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal deram parecer favorável à presença do contraventor.

Os deputados goianos esperam que Cachoeira fale. Ainda não há informações se há habeas corpus para que ele possa permanecer calado durante a seção. Demóstenes Torres também é cogitado para ser convocado pela CPI.