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"Não é ladainha!", responde advogado de Duda Mendonça a procurador-geral

Do UOL, em São Paulo

15/08/2012 16h19Atualizada em 15/08/2012 21h30

O advogado de Duda Mendonça e Zilmar Fernandes, réus do processo do mensalão, começou sua sustentação oral desta quarta-feira (15) "a última da fase de defesas" criticando o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, respondeu a uma fala de Gurgel, na qual ele disse que as defesas dos réus eram "ladainha".

"Não é ladainha!", disse, enfático, comparando o trabalho de Gurgel --que, segundo ele, entra junto com os ministros e fala sentado, "como se estivesse em casa"-- com o trabalho dos advogados no plenário, que tem que falar em pé, diante de todos. "Outro dia um cliente meu viu o senhor entrar e apavorou-se: 'Mas ele vota? E tive que explicar."

"Respeite a responsabilidade de quem tem que defender um cidadão?, completou o advogado.

Gurgel fez o comentário sobre os advogados depois de ouvir 35 dos 38 defensores dos réus. O procurador-geral e seu trabalho foram alvo de muitas críticas durante as sustentações orais ? um dos defensores chegou, inclusive, a compará-lo a Jô Soares.

"Isso é tradicional. [...] Isso faz parte da técnica da defesa. É a ladainha da defesa", disse Gurgel.

Entenda o dia a dia do julgamento

Entenda

O caso do mensalão, denunciado em 2005, foi o maior escândalo do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O processo tem 38 réus, incluindo membros da alta cúpula do PT, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). No total, são acusados 14 políticos, entre ex-ministros, dirigentes de partido e antigos e atuais deputados federais.

O grupo é acusado de ter mantido um suposto esquema de desvio de verba pública e pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo Lula. O esquema seria operado pelo empresário Marcos Valério, que tinha contratos de publicidade com o governo federal e usaria suas empresas para desviar recursos dos cofres públicos. Segundo a Procuradoria, o Banco Rural alimentou o esquema com empréstimos fraudulentos.

O tribunal vai analisar acusações relacionadas a sete crimes diferentes: formação de quadrilha, lavagem ou ocultação de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta.