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Lula se compara a Lincoln em evento da CUT, critica imprensa e cobra mais comunicação de sindicatos

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

27/02/2013 12h05Atualizada em 27/02/2013 17h26

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comparou ao ex-presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln, nesta quarta-feira (27), em um discurso voltado para dirigentes e ex-dirigentes sindicais na região central de São Paulo.

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Lula foi homenageado na cerimônia que abriu as comemorações pelos 30 anos da CUT (Central Única dos Trabalhadores) --maior entidade sindical do país e cujas três décadas de existência são completadas em agosto deste ano. Entre os presentes, estava o ex-tesoureiro da CUT e do PT nacional, Delúbio Soares, um dos condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão.

"Estou lendo muito agora (...) Estava lendo o livro do Lincoln e fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln, em 1860, igualzinho bate em mim. E o coitado não tinha computador. Sabe o que ele fazia para saber de notícias? Ia para o telex, para o telégrafo, [para] ficar numa sala esperando [para responder]. Nós aqui poderemos xingar um ao outro em tempo real", disse, sob gargalhadas da plateia.

A história do ex-presidente norte-americano ganhou destaque na mídia nos últimos meses com o filme "Lincoln", do diretor Steven Spielberg. No domingo (24), Daniel Day-Lewis ganhou o prêmio de melhor ator na festa do Oscar pela interpretação que fez do ex-presidente.

Ex-presidente e um dos fundadores da CUT, Lula fez a comparação para pedir que as centrais e sindicatos fortaleçam sua comunicação com os trabalhadores, ao invés de esperar que manifestações, greves ou pleitos junto ao governo sejam simplesmente noticiados pela mídia.

O petista não citou nomes de eventuais opositores, aos quais se referiu sempre como "essa gente", mas lembrou que são pessoas que ficaram contra o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, e que agora estariam contra o governo da presidente Dilma Rousseff.

Críticas a "formadores de opinião"

"Esses formadores de opinião pública eram contra a campanha das Diretas; não era contra a derrubada do Collor, nunca quis que eu ganhasse as eleições. Essa gente só publicou [a respeito] quando a gente já estava na rua com 300 mil  na praça da Sé", afirmou, para completar: "Aliás, essa gente não gosta de progressista", definiu, para em seguida concluir: "A verdade é que estou naquela idade, naquela fase em que eu quero parar de reclamar dos que não gostam de mim e não me dão espaço".

Em meio às críticas à imprensa, o ex-presidente aproveitou para pedir às centrais e sindicatos que fortaleçam seus próprios canais de comunicação com seu público --seja por blogs, rádios comunitárias, jornais e redes sociais como o Facebook, elencou.

Mas por que a gente não começa a organizar a nossa mídia, um pouco de formatação do que temos em potencial, por que em vez cada um falar o que pensa, um pensamneo mais coletivo, mais unitário. Mesmo porque, avaliou, "se alguém xingar o governo não vai aparecer na televisão, [então] vocês tratem de falar bem."

"Se eu não ver você na televisão é porque você falou bem [do governo]", ironizou. "Temos uma arma poderosa totalmente desorganizada; temos que organizar um pensamento mais coletivo. Temos condição de fazer isso" .

Lula se compara a Lincoln em evento da CUT; veja

Marcha de entidades e presenças "ilustres"

Apesar das comemorações iniciadas hoje, os 30 anos da CUT serão completados em agosto. A plenária --espécie de encontro regular de dirigentes-- aconteceu exatamente uma semana antes da “Marcha a Brasília”, promovida pela CUT com outras seis entidades sindicais, como a Força Sindical.

A marcha, marcada para o próximo dia 6, pretende ser um mecanismo para que o movimento sindical “exerça pressão sobre o governo e o Congresso pela retomada do investimento público e em defesa da indústria nacional, fortalecendo o mercado interno e garantindo contrapartidas sociais”, segundo a CUT.

Lula brinca e reclama da imprensa em aniversário da CUT

Entre as reivindicações, as entidades pretendem cobrar “redução da jornada, fim do fator previdenciário, retomada do investimento público e contrapartidas sociais”.

Além de dirigentes e ex-dirigentes, o encontro teve ainda a participação do ex-ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que foi aplaudido pela plateia e mencionado à mesa pelo presidente da CUT, Vagner Freitas. "Temos orgulho da sua história", disse Freitas, depois de mandar um "abraço fraternal" a Delúbio.

Ano passado, a CUT divulgou nota repudiando "o comportamento" do STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão --nela, a entidade avaliou que a entidade "se colocou a serviço dos conservadores, da imprensa neoliberal e de todos que querem criminalizar os movimentos sociais". Petistas históricos como o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, figuraram entre os condenados pelo STF no escândalo.