MP investiga compra de 2,5 t de sabão e 4,2 mil vassouras feita por Câmara no interior do CE
A compra de 4.200 vassouras, 2,5 toneladas de sabão, 1.368 garrafas de água sanitária e 2.400 unidades de lustra móveis, entre outros itens, virou objeto de investigação na Câmara de Vereadores de Juazeiro do Norte (548 km de Fortaleza) e no Ministério Público Estadual do Ceará.
O legislativo da cidade cearense --conhecida por ser a terra do Padre Cícero-- tem apenas 21 vereadores, que se reúnem duas vezes por semana para sessões ordinárias.
Além de denunciar as compras em montantes acima da necessidade da casa, o vereador Dante Bezerra Silva (PMN) garantiu ainda que o material nunca foi entregue.
“É público e notório que não tem nada disso na Câmara. As notas fiscais são 'frias'. Denunciei o caso ao Ministério Público para que investigue e peça afastamento do presidente da casa [Antonio Alves de Almeida-PSC]”, disse.
Segundo as três notas de compras, feitas entre 21 de março e 7 de junho deste ano, o valor pago pelos produtos foi de R$ 30 mil.
As notas da compras, feitas em um período inferior a três meses, estão no portal da transparência do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará. Elas incluem também compras de grande quantidades de itens, como 2.400 pacotes de guardanapo, 2.400 lãs de aço e 3.216 unidades de detergente.
Um dos itens também comprados chama a atenção: a aquisição de 2.500 caixas de fósforos. “Nós só temos um fogão, e ele é elétrico, de acendimento automático. Para quê fósforo?”, questionou o vereador.
Nas ruas da cidade, localizada no sertão cearense, a denúncia já ficou conhecida como “farra das vassouras”. Movimentos sociais já tentam se movimentar para pedir o impeachment do presidente da casa.
Diante dos indícios de fraude e repercussão da denúncia, Dante Silva disse que prepara um pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que deve ser entregue na próxima terça-feira (27).
Sobre a expectativa de ter a aprovação dos seus colegas vereadores, Dante –que é da base aliada do governo-- vê boas chances de afastamento do presidente. “Vai depender da posição do prefeito. Como é uma denúncia interna da Câmara, a gente espera que ele não interfira”, afirmou.
Antonio Alves de Almeida foi procurado para falar sobre a investigação, mas as ligações não foram atendidas, nem houve retorno de sua parte.
Na sessão desta quarta-feira (20), o parlamentar disse que as compras foram legais, com preços de mercado e adquiridas para consumo em longo prazo. O presidente da Câmara alegou ainda que somente a Secretaria de Estado da Fazenda poderia saber se as notas fiscais eram "frias", como denuncia o vereador.
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