Topo

Após Mendes criticar "mandato-salame", Barroso diz que não baterá boca pela imprensa

Guilherme Balza

Do UOL, em Brasília

04/09/2013 14h39

Um dia depois de o ministro Gilmar Mendes declarar que a decisão liminar de Luís Roberto Barroso sobre o deputado Natan Donadon (ex-PMDB-RO) criou o “mandato-salame”, o magistrado respondeu que não irá bater boca com o colega de tribunal pela imprensa.

Ministro Barroso diz que vai levar questão de Donadon ao STF

“Isso vai ser discutido em plenário no momento próprio. Não me passaria pela cabeça bater boca com um colega de tribunal pela imprensa. E estou certo que ele tanto quanto eu deseja o melhor para o país e é isso que nós faremos”, afirmou.

Mendes disse que a liminar de Barroso, que suspendeu a sessão da Câmara que decidiu pela não cassação de Donadon, cria um "tipo de mandato salame" --um mandato fatiado entre um período cumprido como presidiário e outro como parlamentar. Na liminar, Barroso argumentou que o tempo efetivo a ser cumprido de pena por Donadon seria maior que o restante de seu mandato, por isso, não caberia ao plenário da Câmara decidir sobre sua cassação. Na visão do ministro, neste caso, a Mesa da Casa deveria simplesmente homologar a perda.

Para Barroso, o STF (Supremo Tribunal Federal) está dividido sobre a perda de mandato para os parlamentares condenados –há ministros que defendem a perda automática e outros que sustentam que essa decisão cabe ao Congresso.

“O tribunal realmente está dividido nessa matéria e eu produzi a decisão harmonizadora possível num caso extremamente emblemático. Devo dizer que se eu não quisesse me expor a críticas eu teria ficado na vida boa que eu levava escolhendo as causas que iria atuar”, disse o ministro, em defesa de sua decisão liminar.

Barroso disse ainda que atendeu à solicitação do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), transmitida a ele por Joaquim Barbosa, para levar ao pleno do Supremo a questão do mandato de Donadon o mais rápido possível.

“Eu dependo de uma manifestação da própria Câmara dos Deputados e do Ministério Público.  Assim que tiver recebido, levarei o processo a julgamento. Pela lei, cada um deles tem dez dias, mas, se me mandarem antes, eu levarei a julgamento antes. E pela jurisprudência do Supremo, o próprio deputado Donadon também tem o direito de se manifestar e eu também determinei que fosse feito assim”, afirmou o magistrado.

Não vejo como deputado preso pode trabalhar, diz Alves