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Lula diz que houve exagero da imprensa na divulgação de emprego de Dirceu em hotel

Militantes durante o 5º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT), no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília (DF) - Luciano Freire/Futura Press/Estadão Conteúdo
Militantes durante o 5º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT), no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília (DF) Imagem: Luciano Freire/Futura Press/Estadão Conteúdo

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

12/12/2013 21h25Atualizada em 13/12/2013 10h38

Durante a abertura do Congresso do PT, nesta quinta-feira (12), em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a importância dada pela imprensa ao emprego oferecido por um hotel ao ex-ministro José Dirceu, preso após condenação no processo do mensalão. 

“Se for comparar o emprego do José Dirceu no hotel com a cocaína no helicóptero (...) o que a gente percebe é que houve uma desproporcionalidade na divulgação do assunto”, disse ao se referir à apreensão de droga encontrada pela PF (Polícia Federal) em um helicótero de propriedade do senador Zezé Perrella (PDT-MG).

O comentário foi feito logo após ele dizer que não iria falar sobre condenação dos ex-dirigentes por considerar mais “prudente” aguardar o fim do julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal).

“Tenho dito publicamente, para a imprensa, não falarei da ação penal 470 enquanto não terminar a última votação, acho prudente e temos coisas para discutir pela frente." “Pagamos pelo nosso sucesso”, disse Lula.

Economia

O ex-presidente fez críticas aos governos anteriores e saiu em defesa da economia, afirmando que nos últimos dez anos a inflação “ficou dentro da meta de 4,5%, dois para mais ou dois para menos, e nunca passou de dois para mais”.

“Não tem nenhum país com mais responsabilidade fiscal entre os emergentes.”

Ele mencionou ainda os anos em que a presidente Dilma Rousseff ficou presa durante a ditadura militar e afirmou que a intenção na época era dar uma “lição” nela para que ela ficasse fora da política e que ninguém iria imaginar que um dia ela iria virara presidenta da República do país, inclusive entre os próprios petistas.

Lula disse ainda que há um certo preconceito contra om PT e não contra a sua política econômica. “Os empresários tinham tanto medo de mim e ganharam tanto dinheiro comigo”, afirmou. “Não é uma questão econômica [para não votar no PT], é uma questão de pele, de classe social, nós somos diferentes.”

Segundo Lula, o que assusta os adversários do PT "é a gente ganhar [o comando de] São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, manter o Rio Grande do Sul”. “Não se iluda que cada coisa, quanto melhor nós fizermos, mais aumenta a ira deles contra nós”, disse, dirigindo-se a público formado por militantes.

Lula também afirmou que o partido sofreu “a maior campanha de difamação” já vista no país.

Eleições 2014

Em relação às eleições de 2014, Lula disse que o ideal é que as chapas fossem “puro-sangue”, formadas apenas por candidatos petistas, mas ressaltou que, na “política real” as alianças com outros partidos são necessárias para garantir a governalibilidade. ]

“Eu gostaria que o povo pensasse igual a nós, mas o povo pensa diferente, e é bom que pense assim. (...) Temos que construir as alianças políticas separando quem a gente quer separar, mas nos aliando (...) para ter condições de governar esse país.”

Sobre as alianças, disse: “É como o casamento. A gente não casa com diferente? Tá certo que hoje pode casar com iguais”, provocando risos na plateia.

“Se o Lula incomodava muita gente, Lula e Dilma incomodam muito mais, Lula, Dilma e o PT incomodam muito mais, Lula, Dilma, o PT e os aliados incomodam muito mais.”

Lula disse que a campanha eleitoral “vai ser uma guerra” e reiterou mais uma vez que pretende viajar pelo país para conseguir votos para Dilma. “Não vamos ter eleição fácil. Não esperem moleza desta eleição. (...) Serei o comandado da Dilma para fazer campanha e ganhar essas eleições.”

Ainda tratando do preconceito ao PT, Lula dirigiu-se à Dilma e afirmou: “Você pode almoçar com eles, pode jantar com eles, convidar para o seu aniversário, mas tem uma coisa que eles não aceitam: você é do PT.”