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Petrobras e CPI pedem à Justiça acesso a depoimento de Paulo Roberto Costa

Do UOL, em Brasília*

08/09/2014 18h44Atualizada em 08/09/2014 19h22

A Petrobras e a CPI que investiga a estatal informaram que pedirão acesso ao o depoimento feito pelo ex-diretor de Abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa, que realizou delação premiada.

Em nota, a estatal informou, nesta segunda-feira (8), que solicitou ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato no Paraná, que envie informações sobre o caso. A petrolífera também disse que pediu informações a fornecedores da Petrobras sobre contratos com empresas ligadas ao doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal desde março.

Segundo a estatal, as informações subsidiarão comissões internas que apuraram as suspeitas de corrupção dentro da Petrobras.

O presidente das CPIs (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), também solicitou à Justiça Federal do Paraná cópia dos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da estatal. Vital presidente tanto a CPI exclusiva do Senado quanto a CPI mista, composta por senadores e deputados.

A Petrobras afirmou ainda que não irá comentar informações publicadas na imprensa por não se tratarem de dados oficiais.

“Não é devido comentar sobre conteúdos não oficiais publicados nos meios de comunicação. Também não cabe comentar sobre investigações em curso ou sobre declarações de pessoas ou empresas sendo investigadas pela Polícia Federal ou por qualquer outro organismo de controle”, diz trecho da nota.

A empresa disse que vem prestando as informações solicitadas pela Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Controladoria Geral da União e Ministério Público.

Segundo a edição da revista "Veja" desta semana, Costa revelou o nome de vários parlamentares e governadores que teriam recebido propina de 3% dos contratos da Petrobras.

Os nomes revelados por Costa incluem pessoas ligadas às duas candidatas que lideram as pesquisas eleitorais para a Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). A relação dos citados pelo ex-diretor da Petrobras cita o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), candidato ao governo do RN, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto no último dia 13, entre outros.

Os políticos citados na reportagem da revista negaram que tenham recebido propina da estatal.

Costa foi preso em março com a deflagração da Operação Lava Jato. Há suspeitas de que o ex-diretor tenha destruído provas contra ele. Para tentar reduzir a pena em uma possível condenação, Costa decidiu no meio de agosto contribuir com as investigações, por meio de delação premiada.

A operação Lava Jato investiga um esquema milionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, segundo a PF, era chefiado por Yousseff. 

Reunião de líderes

Os líderes partidários da comissão vão se reunir nesta quarta-feira (10) para decidir sobre o acesso às informações da delação de Costa. O encontro foi pedido pelo líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), que apresentou nesta segunda requerimento à comissão pedindo acesso ao conteúdo dos depoimentos do ex-diretor à Polícia Federal. A reunião será a portas fechadas, no gabinete de Vital do Rêgo.

Já há requerimentos aprovados para ouvir o ex-diretor, mas a vinda dele deve ocorrer apenas após os depoimentos à PF chegarem ao Congresso. “Se ele está negociando a delação premiada, vamos aguardar o encaminhamento da Justiça neste caso”, disse Vital do Rêgo.

Para Rubens Bueno, a CPMI precisa dar uma resposta rápida sobre as denúncias. “Quando há gravidade de uma situação como esta, o Parlamento tem de dar pronta resposta.”

A CPI mista já tinha reunião marcada nesta quarta à tarde para ouvir o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Ele ocupava o cargo à época da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Rubens Bueno apresentou três requerimentos hoje para convocar a mulher de Cerveró, Patrícia, e outras duas pessoas envolvidas no aluguel de um apartamento avaliado em R$ 7,5 milhões no Rio de Janeiro. (*Com informações da Agência Câmara)