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Juntos, Itaú e Bradesco doaram R$ 10,2 milhões para partidos nas eleições

Do UOL, em São Paulo

05/11/2014 21h13

Os bancos Bradesco e Itaú-Unibanco, que economizaram R$ 200 milhões em impostos em operações no paraíso fiscal de Luxemburgo segundo reportagem da "Folha de S. Paulo", doaram R$ 10,2 milhões para as campanhas eleitorais deste ano, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

As doações ocorreram tanto em nome de candidatos quanto para direções nacionais de partidos das coligações dos presidenciáveis. Desses R$ 10,2 milhões, o Itaú-Unibanco doou R$ 2,05 milhões, sendo que R$ 2 milhões foram para a candidatura de Eduardo Campos (PSB), morto em agosto deste ano e substituído por Marina Silva. Os outros R$ 50 mil foram para José Maria Eymael (PSDC).

A participação do Itaú na campanha presidencial foi marcada gerou embates entre Marina e Dilma Rousseff (PT). Uma das coordenadoras do programa de Marina foi Maria Alice Setubal, herdeira do Itaú, o que levou Dilma a acusar a pessebista de ser "apoiada e sustentada por banqueiros".

A empresa Bradesco Vida e Previdência S/A realizou doações não apenas a Marina, mas também às direções nacionais de partidos das coligações de Dilma, Aécio Neves (PSDB) e Pastor Everaldo (PSC). Apesar de o PT de Dilma não aparecer nos dados do TSE, partidos de sua coligação --PMDB, PSD, PP e PC do B-- receberam, juntos, R$ 1,55 milhão.

O PSDB de Aécio, além do DEM, SD e PR, da mesma coligação, recebeu a maior parte do apoio financeiro do Bradesco: R$ 5,44 milhões no total. A direção nacional do PSC, do Pastor Everaldo, obteve R$ 250 mil do banco. Marina Silva foi indiretamente beneficiada com R$ 750 mil, de doações do Bradesco para as direções dos partidos PSB e PPS.

A única doação nominal do Bradesco para presidenciáveis foi para o candidato Eymael, que recebeu R$ 200 mil.

Dois dos maiores bancos brasileiros, o Bradesco e o Itaú-Unibanco realizaram transações entre 2008 e 2009 em Luxemburgo, um pequeno paraíso fiscal europeu, para evitar o pagamento de impostos no Brasil, em uma prática conhecida como elisão fiscal --deixar de pagar impostos usando ao máximo todas as brechas possíveis que a lei oferece. Em Luxemburgo, as instituições recebem generosos descontos contábeis, levando a lucros menores nos balanços. A operação não é considerada crime.