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Posse de Pezão (PMDB) no Rio é marcada pela sombra de Cabral

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/01/2015 10h48Atualizada em 01/01/2015 20h15

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), tomou posse na manhã desta quinta-feira (1º), em cerimônia realizada na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Pezão já exercia o cargo de governador desde abril do ano passado, quando era o vice do ex-governador Sérgio Cabral  (PMDB) e foi alçado ao posto por conta da renúncia do antecessor.

Em seu discurso de posse, Pezão agradeceu a Cabral pelo que chamou de "melhores momentos de sua vida" -- em referência aos mais de sete anos em que foi vice do ex-governador. Ele também lembrou do começo de sua trajetória política em sua cidade natal, Piraí, no interior do Estado, município do qual foi prefeito em duas oportunidades. "Meu dever é me aperfeiçoar mais para atender a todos", disse Pezão.

A solenidade no Palácio Tiradentes, sede do Legislativo fluminense, contou com as presenças de Cabral, do prefeito Eduardo  Paes (PMDB) e do arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta. Cabral foi ovacionado pelo público presente ao ser anunciado pelo presidente da Alerj, deputado estadual Paulo Melo (PMDB). Cabral evitou entrar na Alerj pelo portão principal, onde os jornalistas estavam.

Futuro de Cabral

Ao fim da cerimônia, Cabral afirmou não ter a pretensão de atuar como conselheiro de Pezão. "O Pezão é uma pessoa com personalidade própria, opinião própria, vida própria. Assim foi no meu governo. A relação não foi de subordinação em momento algum, sobretudo agora que ele está com a caneta na mão", disse o ex-governador, que revelou ainda que "muitas pessoas" pedem para que ele atue na articulação política do PMDB, principalmente em vista da eleição municipal de 2016.

"Companheiro, a gente nunca deixa de ser. Sempre que for solicitada a minha opinião, eu darei. Eu não pretensão alguma de ser 'conselheiro' porque estamos muito bem entregues. A interferência não faz bem a ninguém. Eu nunca fui assim", afirmou.

Cabral também disse que, embora tenha sido figura pouco presente na campanha eleitoral de Pezão por conta do alto índice de rejeição, não deixou de colaborar com o trunfo do amigo e correligionário no pleito estadual. "Esse período, por exemplo, foi um período em que eu colaborei onde eu acho que pude colaborar mais. E o Pezão dizia isso. Na comunicação, porque eu sou um profissional da área. Eu pude colaborar muito com a campanha na área da comunicação. Além disso, discutimos programas, ideias, mas tendo o Pezão como protagonista desse processo", disse.

Cabral comenta posse: "companheirismo não acaba nunca"


Questionado sobre os rumos de sua carreira política, Cabral declarou ter o objetivo de "colaborar com a consolidação de novos nomes" dentro do partido.

"Tenho conversado muito com os companheiros. Os companheiros me querem muito por perto trocando ideias. Temos fortes desafios para 2016. Temos a sucessão municipal não só na capital, mas em todo o Estado do Rio de Janeiro. O PMDB é um partido que reúne em torno dele diversos outros partidos políticos. As pessoas me procuram para que eu desempenhe esse papel. Eu não vou deixar de desempenhar. É um papel muito mais de colaboração e de ajudar esses companheiros nesse processo de consolidação de novos nomes. A política tem vários ciclos. É ciclo de renovação e de novos quadros políticos", disse.

"Em política, se não houver renovação... eu tenho pavor do calderismo e do populismo. Isso fez muito mal ao Rio de Janeiro e à América Latina", disse.