BNDES diz não ter sido consultado sobre doações da JBS a políticos
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) afirma não ter sido consultado pela direção da JBS sobre a política de doações em campanhas eleitorais. No entanto, o banco nega qualquer relação entre os empréstimos liberados ao grupo e as doações eleitorais.
Desde 2008, o BNDES, por meio da subsidiária BNDESPAR, é dono de quase um quarto da companhia. Segundo o banco, as doações de R$ 451,4 milhões a partidos e políticos nas eleições desde 2008, ano em que a capitalização da JBS foi feita, não foram debatidas com membros do banco estatal.
Em 2008, por meio da BNDESPAR, o BNDES adquiriu 24,6% em debêntures conversíveis (um tipo de título que pode ser trocado por ações de uma determinada empresa) da JBS.
A operação custou R$ 8,5 bilhões ao banco estatal presidido por Luciano Coutinho, nomeado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mantido por Dilma Rousseff (PT).
A injeção de recursos do BNDES na JBS foi uma das responsáveis por capitalizar a empresa que hoje é campeã mundial em exportação de carne bovina. Como um dos maiores acionistas da JBS, a BNDESPAR tem assento garantido no conselho de administração da empresa, entidade máxima de controle da empresa.
Mesmo assim, o BNDES afirma não ter sido consultado sobre a política de doações a partidos e políticos.
"Nem a BNDESPAR nem o BNDES foram consultados pelas empresas para definir políticas de doações a partidos políticos", disse o BNDES por meio de sua assessoria de imprensa.
O PT tem sido um dos maiores beneficiários das doações feitas pela JBS. Nas eleições de 2010 e 2014, por exemplo, o PT recebeu R$ 127 milhões, ou pouco mais de 29,5% de tudo o que a empresa doou nas eleições presidenciais de 2010 e de 2014 e 2014.
Questionada pela reportagem do UOL sobre se o BNDES havia sido consultado a respeito das doações, a JBS respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que "todas as decisões cabíveis ao conselho são transmitidas a seus membros para as devidas deliberações, conforme regulamentação vigente" e que "dizer que os recursos aplicados pelo BNDES na JBS foram usados para doações de campanha configura crime de calúnia".
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