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Manual de sobrevivência ao tiroteio virtual pró e contra Dilma na web

Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Do UOL, em Brasília

14/03/2015 00h06

Você achou que já havia se recuperado das discussões e brigas que teve com amigos, colegas de trabalho e familiares durante as eleições de 2014, mas março chegou e a internet voltou a se transformar num campo de batalha. Com manifestações programadas para os próximos dias a favor e contra a presidente Dilma Rousseff (PT), o UOL procurou os psicólogos Cristiano Nabuco e Ana Luíza Mano, especialistas em comportamento humano nas redes sociais, e preparou um “Manual de Sobrevivência” para os próximos dias.

1 – Pense antes de postar – Antes de postar, os especialistas sugerem que o internauta se pergunte: “para quem eu estou postando isso e com que intenção?”.  “Algumas pessoas pensam dois minutos antes de comer chocolate. No final, algumas comem menos e outras nem comem. Pensar antes de postar é fundamental para evitar problemas”, diz a psicóloga Ana Luiza Mano.

2 – Cautela ao reagir; nem sempre é pessoal!  – Você não se aguentou, postou e agora está levando aquela saraivada de críticas? É hora de manter a calma e entender que boa parte dos comentários negativos que você vai receber não é, necessariamente, contra você. “Na internet e em momentos tensos, a gente se transforma em receptáculo das expectativas e frustrações das pessoas. Nem sempre é pessoal”, explica Ana Luiza Mano. “Não ponha mais água na fervura. Evite dar mais combustível a uma discussão causada por um comentário seu”, diz Nabuco.

3 – A teoria do bar – Trate seus relacionamentos virtuais com o mesmo cuidado que você cuida suas relações pessoais. Uma boa forma de avaliar se você está fazendo isso, em especial em um momento onde os ânimos estão exaltados, é imaginar-se  em um bar. “Se você está num bar e tem um amigo judeu na mesa, você iria fazer piada sobre judeu? As redes sociais são um bar com vários dos seus amigos”, diz o professor Nabuco.

4 – Boas maneiras - Uma boa régua para medir a intensidade do debate são as palavras que você está usando ao se manifestar na rede. “Evite baixar demais o nível”, aconselha a psicóloga Ana Luíza Mano. Ela diz que é conveniente ficar longe de palavras de baixo calão, palavrões e ofensas pessoais. “É bom se lembrar que, dependendo da rede na qual você estiver inserido, a forma como você se expressa terá impactos no mundo fora da internet”, diz.

5 – Proteja-se! – Escolha melhor ao que você terá acesso nas redes sociais. No Facebook, por exemplo, uma ferramenta importante é o botão “Unfollow”, que permite continuar sendo “amiga” de uma pessoa  sem acompanhar as postagens dela. No Whatsapp, o internauta pode colocar grupos dos quais ele faz parte no modo “silencioso”. Em última instância, considere se retirar de grupos de discussão e fóruns cujo conteúdo lhe incomoda.

6 – Evite constrangimentos – Sabe quando você vê uma foto antiga e se pergunta como você pôde usar aquela calça boca de sino ou casaco com ombreiras? Com a internet é a mesma coisa. Quando for postar alguma coisa, projete-se no futuro e pergunte a si mesmo: será que não vou sentir vergonha de ter dito isto quando toda essa confusão passar?

7 – Fuja de 'bolas divididas' – Com os ânimos acirrados, talvez seja melhor seguir o antigo conselho que diz: “futebol, política e religião não se discutem”.  “Sabe quantas pessoas eu conheço que mudaram suas convicções políticas após lerem um comentário na internet? Nenhuma. Quando se trata de política, especialmente, as pessoas já têm as suas convicções e dificilmente mudarão de ideia. Não é auto-censura. É auto-cuidado”, diz o professor Nabuco.

8 – Desconecte-se – Se nada mais der certo e você considerar a tarefa de interagir nas redes sociais impossível durante esse período turbulento, não hesite: fique off-line. “Tenho dois pacientes que me disseram que estavam tão tensos com essa coisa da política e com o tempo que perdiam nas redes sociais, que eles trocaram os smartphones deles por aparelhos mais simples que servem apenas como telefone”, diz o professor Nabuco. 

É melhor protestar pelas redes sociais ou ir para a rua?