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Câmara e Eduardo Cunha vão processar Cid Gomes por ataque a deputados

Do UOL, em São Paulo

18/03/2015 21h57

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta quarta-feira (18) que entrará com um processo contra o ex-ministro da Educação Cid Gomes (PROS-CE). "Não vou admitir que um representante do Executivo agrida parlamentares e reafirme agressões, inclusive chegando ao ponto de querer dominar [a sessão]", comentou Cunha, após a saída do então ministro do plenário.

Cid Gomes disse na Câmara nesta quarta que "partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo". Em seguida, atacou Cunha. "Prefiro ser acusado por ele [Cunha] de mal-educado do que ser acusado como ele de achaque", disse, apontando para a Mesa Diretora, onde estava o presidente da Casa.

Após deixar o plenário, Cid Gomes encontrou-se com Dilma Rousseff e entregou seu pedido de demissão, que foi aceito pela presidente.

Gomes também poderá receber ações do procurador da Casa, o deputado Claudio Cajado (DEM-BA), que prometeu entrar com um processo extrajudicial e dois judiciais contra o político cearense por prevaricação e ato de improbidade administrativa.

A intenção de Cajado é que o ex-ministro reconheça a quais parlamentares se referia quando falou em "300 ou 400 achacadores" e quais foram os crimes cometidos pelos mesmos.

Gomes afirmou hoje que a declaração refletia a sua opinião pessoal, não sua posição como autoridade. Mas Cajado discorda. "O senhor foi ao Pará como ministro, participar de um ato oficial, usando avião da FAB (Força Aérea Brasileira). Não pode se furtar de ter dito investido na função de ministro", criticou.

Declarações no Pará

Cid Gomes foi convocado pelo Legislativo para explicar uma declaração dada por ele no início do mês para professores e reitores durante uma visita à Universidade Federal do Pará. Um áudio com a fala do ministro, capturada no dia 27 de fevereiro, foi publicado no dia 4 deste mês, no Blog do Josias, do UOL.

 "Tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas". Ouça:

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Pouco antes da confirmação da saída de Cid do ministério, o PMDB havia ameaçado romper com o governo caso o ministro não fosse demitido. Assim que deixou o prédio do Legislativo, o ministro foi chamado para uma conversa com a presidente Dilma Rousseff. Antes da confirmação oficial de sua saída, Eduardo Cunha já havia informado a imprensa que Cid havia caído.

Veja as declarações que provocaram a queda de Cid